Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 1,59% em fevereiro de 2017

O Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas) registrou alta de 1,59% no mês de fevereiro/2017 na comparação com o mês de janeiro/2017, quando houve queda de 2,49%. Separados por grupo de produtos, tanto o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) quanto o IqPR-A (grupo de produtos de origem animal) encerram o mês com altas de 1,40% e 2,00%, respectivamente. Na tabela 1 são apresentadas as variações do final de janeiro/2017 e das quatro quadrissemanas de fevereiro/2017 para os índices calculados com a cana-de-açúcar e sem a cana-de-açúcar (Tabela 1). 

 


 

Quando a cana-de-açúcar (que em fevereiro teve alta na tonelada no campo de 3,77%, conforme tabela 2) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) registra queda de -0,18%, ou seja, 1,77 ponto percentual abaixo do IqPR com cana (Tabela 1).

Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores elevações nas cotações do mês de fevereiro/2017 em relação a janeiro/2017 foram, pela ordem: batata (49,13%), ovos (20,16%), carne suína (20,09%), laranja para mesa (5,47%), tomate para mesa (4,96%) e cana (3,77%) (Tabela 2).

 


 

Para batata, a alta ocorrida no mês é por conta do final da safra das águas associa-
do ao clima, com a ocorrência de fortes chuvas na primeira semana de fevereiro que dificultaram as colheitas, seguido do calor excessivo que reduziu sua produtividade.

A última safra de laranja foi uma das menores da citricultura paulista (menor produção desde 1988, segundo levantamento subjetivo da produção IEA/CATI)3, e com isso a falta da matéria-prima para moagem fez também com que os estoques de suco tivessem baixa relevante. Seguindo a tendência de oferta e demanda, os preços da fruta para moagem também obtiveram cotações acima da média dos últimos anos, afetando também a fruta de mesa que seguiu essa tendência. A elevação de 5,47% pode ser explicada pelo fato da oferta continuar baixa e o consumo, devido às altas temperaturas do período do ano, estar em alta.

No caso dos ovos, depois de iniciar 2017 com os preços baixos, em fevereiro teve-se uma retomada nos preços com a volta das aulas escolares e o retorno de um percentual de trabalhadores das férias de verão que aquecem o consumo. Outro fator que pode ter contribuído para essa alta é o período da Quaresma, tradição religiosa de consumir menos carne, que aumenta a preferência pelo produto (os granjeiros iniciaram a majoração dos valores praticados antecipadamente à Quaresma para diluir a elevação em um prazo maior).

Para carne suína, a redução da oferta ocasionou o aumento das cotações. Entretanto, não deve se sustentar nos próximos períodos, visto que já se iniciou uma retração dos valores recebidos.

Já os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços no mês de fevereiro/2017 foram: banana nanica (-28,59%), laranja para indústria (-22,29%), amendoim
(-20,00%) e feijão (-8,67%) (Tabela 2).

Para banana, a queda verificada nos preços segue a sazonalidade do produto, que nesse período de verão, com o clima quente e chuvoso, é propício para o desenvolvimento da fruta com o aumento da oferta, ao mesmo tempo em que os consumidores têm opções diversificadas das frutas de verão. Mesmo com essa queda significativa em fevereiro/2017, na comparação com mesmo período do ano anterior, as cotações estão mais altas em 79,64% (Tabela 2).

 Os preços pagos pelas caixas de laranja para indústria tiveram baixa de 22,29% pela expectativa de uma melhor safra e pelos preços que estavam sendo praticados estarem acima da média histórica.

A retração dos preços médios recebidos pelos produtores para amendoim em casca, verificada quando da comparação entre os meses de janeiro e fevereiro, tem relação com o início da colheita do plantio das águas e da entrada do produto no mercado.

Em resumo, dos 19 produtos analisados no mês de fevereiro, 8 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e 2 de animal) e 11 apresentaram queda (8 vegetais e 3 de origem animal).

 

- ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES

No acumulado dos últimos 12 meses (fevereiro/2016 a fevereiro/2017), o IqPR (geral) apresentou alta de 16,80%, por conta da forte valorização do IqPR-V (vegetal) que subiu 21,78%. Já o IpPR-A (animal) teve menor aceleração, 4,09% no período (Tabela 1 e Figura 1). 

Na figura 1 se observam as variações acumuladas mensalmente (base 100 = fevereiro/2016) e as variações mensais dos três índices (IqPR, IqPR-V e IqPR-A). Separando a figura em dois períodos, um de março até agosto/2016 e o outro de setembro/2016 a fevereiro/2017, observa-se que no primeiro período o comportamento mensal dos índices e as variações mensais foram de altas mais intensas, em parte causada pela pouca oferta de alguns produtos (caso do feijão e milho), pela ocorrência de geadas que afetou

 

a maioria das culturas vegetais e as pastagens, prejudicando principalmente a produção de leite, e também pelo aumento da utilização e do custo da ração animal que foi repassado para os preços das carnes.

Para o segundo período, a partir de setembro até novembro/2016, os índices têm comportamentos distintos: o grupo de origem vegetal (IqPR-V) registra altas puxadas pelos aumentos dos preços da cana e das laranjas, enquanto o grupo de origem animal (IqPR-A) apresenta desaceleração com as quedas nos preços do leite, ovos e das carnes de frango e bovina. Já em dezembro/2016, nota-se ligeira queda no IpPR que fica mais acentuada em janeiro/2017, com a demanda encurtada no período pós-festas, visualizando-se recuos em todos os indicadores, por conta das quedas das cotações da banana, batata, feijão, tomate e grãos (milho e soja) do grupo de produtos vegetais, e dos ovos e das carnes (suína e frango) do grupo de origem animal. Em fevereiro/2017, tem-se a reversão com os índices voltando a subir, mesmo com a maioria dos produtos que tiveram variações negativas, o resultado final foi de alta pressionado pelos aumentos da cana, batata, carne suína e ovos.

Reforçando a análise da comparação dos preços de fevereiro/2016 em relação a fevereiro/2017, os resultados das variações mostram que oito produtos recuaram em suas cotações: batata (-64,06%), tomate para mesa (-48,24%), feijão (-46,17%), milho
(-18,97%), trigo (-11,19%), soja (-3,50%), carne bovina (-3,69%) e carne de frango (-0,84%). Sendo assim, a maior parte dos produtos apresentou altas significativas, acima do Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP)4 dos últimos 12 meses (2,93%). No grupo de origem animal, apresentaram as maiores elevações: carne suína (55,13%), leite cru resfriado (21,28%) e ovos (7,83%). No grupo de produtos vegetais, os maiores percentuais foram para laranja para mesa (117,59%), laranja para indústria (82,42%), banana nanica (79,64%), amendoim (39,13%), cana-de-açúcar (23,07%), arroz (15,96%), algodão (6,13%) e café (5,29%) (Tabela 2).

  

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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/02/2017 a 28/02/2017 e base = 01/01/2017 a 31/01/2017.

 

2Artigo completo com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: mar. 2017.

 

3Artigo completo: ANGELO, J. A. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do estado de São Paulo, 2° Levantamento, ano agrícola 2016/17 e levantamento final, ano agrícola 2015/16, novembro de 2016. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 12, n. 2, p.1-12, fev. 2017. Disponível em: <http://www.
iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-06-2017.pdf>. 
Acesso em: mar. 2017.

 

4O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) consiste em uma medida de caráter geral das variações nos preços dos insumos e serviços comprados pelos agricultores. Ele é composto por produtos de natureza industrial (como adubos, defensivos, vacinas, medicamentos, combustíveis, lubrificantes e outros), produtos de natureza agrícola (como sementes, mudas e adubos vegetais e animais), máquinas e equipamentos. 

 

Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.

Data de Publicação: 29/03/2017

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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