Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Novembro de 2022



1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

No acumulado de janeiro a novembro de 2022, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$63,01 bilhões (20,4% do total nacional) e as importações2 US$75,24 bilhões (30,0% do total nacional), registrando déficit comercial de US$12,23 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2021, houve aumento nas exportações (+29,0%) e nas importações (+22,3%); essa conjunção de desempenhos resultou na redução do déficit (-3,5%) no saldo da balança comercial paulista nos primeiros onze meses de 2022.

 

1.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio3, o resultado acumulado de janeiro a novembro de 2022, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o setor paulista apresentou aumento nas exportações (+36,0%), alcançando US$23,68 bilhões, e nas importações (+13,3%), totalizando US$4,70 bilhões; com estes resultados, obteve-se superávit de US$18,98 bilhões, 43,1% superior ao período de janeiro a novembro de 2021, conforme indicado na Figura 1.

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do Estado é de 37,6%, enquanto a participação das importações setoriais é de 6,2% (Figura 1).

Há que se destacar que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$39,33 bilhões e as importações US$70,54 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado de US$31,21 bilhões. Desta forma, conclui-se que o déficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo manteve-se positivo (US$18,98 bilhões).


1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, no acumulado de janeiro a novembro de 2022, foram: complexo sucroalcooleiro (US$7,52 bilhões sendo que, desse total, o açúcar representou 84,3% e o álcool 15,7%), seguido do setor de carnes (US$3,73 bilhões, dos quais a carne bovina respondeu por 86,4%), grupo complexo soja (US$3,49 bilhões, tendo a soja em grão 83,0% de representatividade), dos produtos florestais (US$2,52 bilhões, com participações de 47,9% de celulose e 43,0% de papel) e dos sucos (US$1,69 bilhão, dos quais 96,9% referentes a suco de laranja). Esses cinco agregados representaram 79,9% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Já o grupo de café, tradicional nas exportações paulistas, aparece na sexta colocação com vendas de US$929,95 milhões (72,1% referentes ao café verde).

Ainda de acordo com a Tabela 1, nos primeiros onze meses de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos dos produtos florestais (+68,3%), das carnes (+60,4%), do café (+51,8%), complexo soja (+41,1%), complexo sucroalcooleiro (+24,3%) e sucos (+18,4%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

 


1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista de janeiro a novembro de 2022 frente ao mesmo período do ano anterior são apresentados na tabela 2.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (31,7%) nas exportações paulistas. No total, o grupo cresceu 24,3% em valores e 0,7% em volumes exportados, sendo que o açúcar apresentou aumento em valores (+20,3%) e queda nas quantidades (-0,2%). Para o álcool (etanol), os embarques apresentaram aumentos de 12,7% em volume e crescimento de 51,2% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2021.

O grupo de carnes ocupa a segunda posição na pauta do estado, apresentando ganhos em valores (+60,4%) e volumes (+35,9%) em relação aos primeiros onze meses de 2021. A carne bovina, com maior contribuição no grupo, registrou aumentos de 61,9% em valores e de 40,0% em volume exportado. O desempenho da carne de frango foi de expansão em valores (+60,8%) e em volumes (+31,0%). A carne suína apresentou resultados negativos em valores (-21,0%) e volumes (-42,2%).

O grupo complexo soja aparece na terceira posição da pauta paulista com aumento de 41,1% nos valores e de 5,4% no volume das exportações. O principal produto deste grupo é a soja em grãos, que apresentou aumento de 37,1% em valores e de 1,3% em quantidades exportadas pelo estado.

Os produtos florestais apresentam ganhos em 2022, com aumentos de 68,3% em valores e de 94,8% na quantidade em relação ao ano anterior. Os produtos de celulose obtiveram elevações expressivas quanto aos valores (+138,4%) e volumes (+175,8%), passando a ser o principal item do grupo. As exportações dos produtos de papel apresentaram variação positiva nos valores (+40,4%) e nos embarques (+12,2%).

O suco de laranja FCOJ (concentrado e congelado) exibiu aumento de 1,3% no valor e redução de 9,7% em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas cresceram em valores (+26,3%) e em volume (+15,5%). A variação total das exportações do grupo de sucos foi positiva de 18,4% em valores e de 9,3% em volume na comparação com 2021.

O grupo do café apresentou, nos primeiros onze meses de 2022, desempenho positivo em valores (+51,8%) e redução nos embarques (-1,5%), quando comparado com igual período de 2021. O café verde, principal item do grupo, apresentou aumento de 55,4% nas receitas e redução de 3,3% no volume, o que evidencia a valorização do produto no mercado internacional.

 


2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou superavit de US$57,53 bilhões no acumulado de janeiro a novembro de 2022, com exportações de US$308,36 bilhões e importações de US$250,83 bilhões. Esse resultado indica pequeno aumento de 0,2% no superávit em relação ao mesmo período de 2021, quando alcançou US$57,39 bilhões (Figura 2).


2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro de janeiro a novembro de 2022 (Figura 2) apresentaram aumento (33,9%) em relação a igual período de 2021, alcançando US$148,26 bilhões (48,1% do total nacional), já as importações aumentaram 12,1% no período, registrando US$15,80 bilhões (6,3% do total nacional).

O superávit do agronegócio foi de US$132,46 bilhões (novo recorde brasileiro) no período, valor 37,1% superior na comparação em relação ao mesmo período de 2021 (Figura 2).

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, exclusive o agronegócio, com exportações de US$160,10 bilhões e importações de US$235,03 bilhões produziram um déficit de US$74,93 bilhões de janeiro a novembro de 2022.


2.2 – Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os seis principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro de janeiro a novembro de 2022 foram: complexo soja (US$58,80 bilhões, dos quais 77,3% de participação da soja em grão e 16,6% de farelo), o grupo de carnes (US$23,78 bilhões, com a carne de bovina representando 51,0% desse total e as carnes de frango 36,8% e suína 9,6%), produtos florestais (US$15,35 bilhões, participações de 50,6% de celulose e 33,0% de madeira), cereais, farinhas e preparações (US$12,33 bilhões, puxado pelo milho em grão com 84,0% de participação), o grupo complexo sucroalcooleiro (US$11,96 bilhões, dos quais 86,9% de açúcar) e o grupo de café (US$8,48 bilhões, sendo 92,2% de café verde). Esses seis grupos agregados representaram 88,2% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 3).

Ainda conforme a tabela 3, na comparação com o mesmo período de 2021, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque para os grupos dos cereais, farinhas e preparações (+191,1%), do café (+52,0%), grupo de carnes (+30,8%), complexo soja (+28,5%), complexo sucroalcooleiro (+27,1%) e produtos florestais (+22,3%). Essas variações nas receitas do comércio exterior no período analisado são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

 


2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 4 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações nos meses de janeiro a novembro de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021.

Desses grupos relevantes, o grupo complexo soja é o que apresenta a maior participação (39,7%) nas exportações brasileiras. No total, o grupo cresceu 28,5% em valores e teve redução de 1,7% em volumes exportados, por contado desempenho das vendas externas da soja em grão (principal item do grupo), com aumento de 21,9% em valores e queda de 7,6% em volume, resultado que mostra a valorização do preço dessa commodity. Para o óleo de soja, os embarques apresentaram aumentos de 98,2% em valores e 56,2% em volume, enquanto o farelo de soja teve aumentos de 46,5% em valores e de 24,4% em volume, quando comparados com 2021.

O grupo de carnes, que tem a segunda posição na pauta brasileira, apresentou avanço de 30,8% em valores e 8,7% em volume em relação a 2021. A carne bovina teve crescimento de 43,1% em valores e de 23,4% em volume exportado. Com resultado também positivo mostra-se a carne de frango (+29,0% e +5,2%), enquanto a carne suína apresenta redução de valores da ordem de 5,6% e de 3,1% nas quantidades embarcadas.

O grupo de produtos florestais aparece na terceira posição na pauta brasileira, apresentando variação positiva tanto em valores (+22,3%) como em volume exportado (+14,3%). As variações de valores e volume, respectivamente, foram de 28,1% e 25,4% para a celulose, 5,7% e -5,3% para a madeira, de 48,9% e 26,9% para o papel e de 45,6% e -2,2% para a borracha.

O grupo de cereais, farinhas e preparações apresenta desempenho bastante positivo em valores (+191,1%) e em quantidades (+123,2%), alcançando a quarta posição na pauta nacional de exportações. O milho em grão, principal item do grupo, registrou maior exportação em valores (+209,7%) e em volume (+118,7%). O arroz em grão apresentou resultados positivos em termos de variação, com aumento em valores (+79,8%) e em quantidade (+109,0%), mesmo comportamento para os produtos de trigo, com expressivos aumentos de 523,1% em valores e 333,6% em volumes.

Para o grupo sucroalcooleiro, nos onze primeiros meses de 2022, os resultados apresentaram-se positivos em valores (27,1%) e nas quantidades embarcadas (3,7%). O açúcar teve aumento em valores (22,9%) e no volume (2,6%) no período analisado na comparação com igual período do ano anterior. Para o álcool etílico (etanol), os resultados também são de aumento em valores (64,7%) e nos embarques (22,4%).

O grupo do café apresenta ganho em valores (+52,0%) e perda em quantidade (-5,8%), sendo o café verde o principal produto com aumento de 53,8% em valores e queda de 6,0% em quantidades exportadas pelo país.

 


3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou aumento de 1,4 p.p. nas exportações e redução de 0,9 ponto percentual nas importações no acumulado de janeiro a novembro de 2022 na comparação com igual período do ano anterior, apontando valores de 20,4% nas exportações e de 30,0% de representatividade para as importações (Figura 3).

 


Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo no período analisado representaram 16,0% em relação ao agronegócio brasileiro, valor 0,3 ponto percentual maior que o registrado no mesmo período de 2021; igualmente para as importações (aumento de 0,3 p.p.), passando de 29,4% para 29,7% (Figura 5).

A participação do agronegócio paulista no agronegócio nacional no período analisado se destacou nos seguintes grupos cuja participação paulista ultrapassa 50% do total nacional: sucos (85,7%), produtos alimentícios diversos (71,5%), complexo sucroalcooleiro (62,9%), plantas vivas e produtos de floricultura (61,3%), demais produtos de origem vegetal (59,4%) e Produtos oleaginosos (exclui soja) (50,4%) (Tabela9).

O principal grupo de produtos do estado de São Paulo, complexo sucroalcooleiro, teve perda de participação em 1,43 ponto percentual, passando de 64,28% em 2021 para 62,85% em 2022 (Tabela 5).

 

 

 

1Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção Tabela de Agrupamentos em MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2021.  Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/AGROSTAT.html. Acesso em: dez. 2022.

 

Palavras-chaveagronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.


COMO CITAR ESTE ARTIGO

ANGELO, J. A.; OLIVEIRA, M. D. M.; GHOBRIL, C. N. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Novembro de 2022. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 17, n. 12, p. 1-13, dez. 2022. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 26/12/2022

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor