Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Primeiro Bimestre de 2023


 

1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

No primeiro bimestre de 2023, as exportações do estado de São Paulo1 somaram US$9,35 bilhões (21,6% do total nacional) e as importações2, US$11,32 bilhões (29,6% do total nacional), registrando deficit comercial de US$1,97 bilhão (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2022, houve aumento nas exportações (+6,0%) e nas importações (+2,6%); essa conjunção de desempenhos resultou em redução do deficit (-10,9%) no saldo da balança comercial paulista.


1.1 – Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio3, o resultado do primeiro bimestre de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o setor paulista apresentou aumento nas exportações (+8,8%), alcançando US$3,22 bilhões, e nas importações (+7,8%), totalizando US$0,83 bilhão; com esses resultados, obteve-se superavit de US$2,39 bilhões, +24,8% superior ao primeiro bimestre de 2022 (Figura 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 34,4%, enquanto a participação das importações setoriais é de 7,3% (Figura 1).

Descata-se que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$6,13 bilhões, e as importações, US$10,49 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$4,36 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$2,39 bilhões).


1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista no primeiro bimestre de 2023, foram: complexo sucroalcooleiro (US$939,46 milhões, sendo que desse total o açúcar representou 80,5% e o álcool etílico - etanol-, 19,5%), carnes (US$497,59 milhões, em que a carne bovina respondeu por 81,9%), produtos florestais (US$ 418,37 milhões, com participações de 57,3% de celulose e 35,1% de papel), sucos (US$328,45 milhões, dos quais 97,7% referentes a suco de laranja) e complexo soja (US$212,92 milhões, tendo a soja em grão 70,9% de participação no grupo). Esses cinco agregados representaram 74,4% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Já o grupo de café, tradicional nas exportações paulistas, aparece na sétima posição (atrás do grupo demais produtos de origem vegetal), com vendas de US$ 153,28 milhões (67,4% referentes ao café verde).

Ainda de acordo com a tabela 1, no primeiro bimestre de 2023, na comparação a igual período do ano de 2022, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos de sucos (+24,2%), complexo sucroalcooleiro (+10,7%), carnes (+3,9%) e produtos florestais (+2,0%), e queda nos grupos de café (-12,3%) e complexo soja (-5,3%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.


               

1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista em janeiro de 2023 frente ao mesmo mês do ano anterior são apresentados na tabela 2.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (29,2%) nas exportações paulistas. No total, o grupo subiu 28,8% em valores e 15,5% em volumes exportados, devido ao aumento do desempenho das vendas externas do açúcar (+23,8% em valores e +12,3% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram elevações de 61,2% em volume e de 62,6% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2022. Os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países, e os resultados apontam como principais compradores: União Europeia (15,6%), Marrocos (11,5%), Nigéria (9,8%), Argélia (7,5%), Egito (6,7%) e demais países (48,9%).

O grupo de carnes tem a segunda posição na pauta do estado, apresentando ganhos em valores (+36,5%) e volume (+46,3%) em relação a janeiro de 2022. A carne bovina, com maior contribuição no grupo, registrou aumentos de 30,5% em valores e de 48,7% em volume exportado. O desempenho da carne de frango foi de expansão em valores (+81,1%) e em volumes (+44,7%). A carne suína apresentou resultado negativo em valores (-11,6%) e na quantidade embarcada (-69,3%). Os principais destinos em participação são: China (57,1%), Estados Unidos (10,8%) e União Europeia (7,4%), enquanto os demais países compradores somam 24,7% de participação.

Os produtos florestais aparecem na terceira posição da pauta paulista, com ganhos em desempenho em janeiro de 2023, e com aumentos de 19,6% em valores e de 26,8% na quantidade em relação a janeiro do ano anterior. As exportações dos produtos de celulose, principal item do grupo, apresentaram elevação nos valores (+34,2%) e nos embarques (+46,7%). Já o produto papel obteve variação positiva quanto aos valores (+13,5%) e negativa em relação ao volume (-3,7%). O principal destino em participação de valores exportados é a China (32,0%), seguida pela União Europeia (21,0%), Estados Unidos (9,8%), Argentina (6,4%), Chile (5,2%) e Peru (4,3%). Outros países somam 21,3% de participação.

O suco de laranja (FCOJ congelados) exibiu aumentos de 44,0% no valor e de 30,0% em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas perderam em valores (-24,6%) e em volume (-31,9%). Já os outros sucos de laranja não fermentados obtiveram quedas de 22,2% em valores e de 29,8% em volumes. A variação total das exportações do grupo de sucos foi negativa de 1,1% em valores e de 21,9% em volume, na comparação com o mês de janeiro de 2022. Os maiores compradores desse grupo são União Europeia (44,7%), Estados Unidos (38,6%), China (4,9%) e Japão (4,5%); os demais compradores têm 7,3% de participação.

O grupo composto pelo complexo soja apresentou no primeiro bimestre de 2023 desempenho negativo com queda nos embarques (-16,4%) e em valores (-5,3%). A soja
em grão, principal produto do grupo, apresentou variações negativas de valores e volumes (-21,9% e -30,7%, respectivamente), quando comparados ao mesmo período de 2022. A China (53,6%) é o principal destino em termos de participação de valores, seguida de Tailândia (13,5%), União Europeia (11,4%) e Índia (5,4%); os demais importadores somam 16,1%.

Para o grupo do café, os resultados apontaram aumento de 3,2% nos valores e queda de 2,4% no volume das exportações paulistas. O principal produto desse grupo é o café verde, que apresentou queda de 2,0% em valores e de 1,8% em quantidades exportadas pelo estado; já o café solúvel exibiu crescimentos de 13,9% em valores e queda de 7,9% em volume comercializado. A União Europeia é o principal destino e suas compras representam 40,7% do valor exportado. Na sequência aparecem Estados Unidos (18,3%), Argentina (7,2%), Japão (6,7%) e Canadá (4,8%); os demais países participam com 22,3%.


1.4 - Importações do Agronegócio Paulista

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio paulista no primeiro bimestre de 2023 foram: papel (US$68,88 milhões), salmões (US$68,69 milhões) e trigo (US$166,8 milhões). A figura 2 apresenta os dez principais produtos que representam 46,1% (US$384,16 milhões) do total importado (US$832,94 milhões).

2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou superavit de US$5,11 bilhões no primeiro bimestre de 2023, com exportações de US$43,37 bilhões e importações de US$38,26 bilhões. Esse resultado apresenta aumento de 11,8% no superavit em relação ao mesmo período de 2022, quando alcançou US$4,57 bilhões (Figura 2).

 

2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro no primeiro bimestre de 2023 (Figura 3) apresentaram aumento (4,4%) em relação aos dois primeiros meses de 2022, alcançando US$20,10 bilhões (46,3% do total nacional). Já as importações aumentaram em 22,0% no período, registrando US$2,88 bilhões (7,5% do total nacional).

O superavit do agronegócio foi de US$17,22 bilhões no período, sendo 1,9% superior na comparação com o primeiro bimestre de 2022 (Figura 3).

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$23,27 bilhões e importações de US$35,38 bilhões, produziram um deficit de US$12,11 bilhões no primeiro bimestre de 2023.


2.2 - Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro no primeiro bimestre de 2023 foram: complexo soja (US$5,37 bilhões, sendo a soja em grão com 63,0% de participação e 27,2% do 49,9% do farelo de soja), carnes (US$3,57 bilhões, com a carne bovina representando 42,9% desse total e as carnes de frango 43,9% e suína 11,0%), cereais, farinhas e preparações (US$2,99 bilhões, dos quais o milho em grão representou 82% do grupo, o trigo 11,9% e o arroz 2,6%), produtos florestais (US$2,48 bilhões, participações de 61,4% de celulose e 24,3% de madeira)  e o grupo sucroalcooleiro (US$1,69 bilhão, sendo que desse total o açúcar representou 82,8% e o álcool etílico (etanol) 17,0%). Esses cinco grupos agregados representaram 80,1% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 3).


Ainda conforme a tabela 3, na comparação com o primeiro bimestre de 2022, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque positivo para os grupos cereais, farinhas e preparações (+106,3%), complexo sucroalcooleiro (+28,3%), carnes (+5,1%) e produtos florestais (3,6%), e queda para o grupo do complexo soja (-11,5%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

                                                                         

2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 4 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações no primeiro bimestre de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022.

Desses grupos relevantes, o grupo complexo soja é o que apresenta a maior participação (26,7%) nas exportações brasileiras. No acumulado dos dois primeiros meses de 2023, o grupo registrou queda de -11,5% em valores e -23,6% em volumes exportados. O desempenho da soja em grão impactou nesse resultado, com perdas de -22,7% nos valores e de -30,8% nas quantidades exportadas. Para o óleo de soja, os embarques apresentaram aumentos de 43,9% em valores e de 62,3% na quantidade. A China representa 42,3% das compras em valores desse grupo, seguida por União Europeia (19,1%), Tailândia (8,3%) e Índia (4,8%); os demais países importadores somam 25,5%.

O grupo de carnes, que tem a segunda posição na pauta brasileira, apresentou avanço de 5,1% em valores e 8,0% em volume em relação ao primeiro bimestre de 2022. A carne bovina teve redução em valores (-12,8%) e em volume (-1,3%) exportado. Com resultado positivo mostram-se a carne de frango (+25,6% e +11,7%) e a carne suína (+29,4% e +15,5%), com aumentos em valores e volume, respectivamente. Nesse grupo, a China se destacou como principal destino e representa 36,7% das compras de carnes; na sequência aparecem União Europeia (6,2%), Arábia Saudita (5,2%), Estados Unidos (4,7%), Japão e Emirados Árabes Unidos (4,5%, cada um), enquanto os demais países somam 38,2% de participação.

O grupo de cereais, farinhas e preparações aparece na terceira posição (14,9% de participação), apresentando desempenho positivo em valores (+106,3%) e em quantidades embarcadas (+89,7%). O milho em grão, principal item do grupo, registrou maior exportação em volume (+141,4%) e em valores (+182,5%). O arroz em grão teve resultados negativos, com quedas em valores (-4,6%) e em quantidade (-7,9%). A mesma situação ocorreu para o trigo, com reduções em valores (-14,5%) e volume (-21,9%). Os principais destinos são Japão (14,4%), China (9,8%), Vietnã (9,1%), Coreia do Sul (9,0%), Colômbia (6,9%) e Irã (6,8%), restando 44,0% de participação para os demais países.

O grupo produtos florestais registrou variação positiva para valores (+3,6%) e diminuição em volume exportado (-1,2%). As variações de valores e volume, respectivamente, foram de 42,8% e 20,7% para a celulose (principal item do grupo), -34,6 e -29,1% para a madeira, e -13,0% e -25,3% para o papel. A borracha apresentou desempenho positivo, porém, com baixos valores e volumes exportados. Trata-se de produto em que o país é importador, pois a produção interna não atende a demanda do mercado brasileiro. Os principais países importadores desse grupo são China (27,6%), Estados Unidos (22,0%), União Europeia (21,0%) e Argentina (4,0%); os demais países participam com 25,4%.

No total, o grupo sucroalcooleiro subiu 28,3% em valores e 8,5% em volumes exportados, devido ao crescimento das vendas externas do açúcar (17,2% em valores e 3,1% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram elevações de 126,2% em volume e de 1401,4% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2022. Assim como no estado de São Paulo, os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países. Os resultados apontam a sequência composta por União Europeia (16,0%), Marrocos (8,3%), Nigéria (7,2%), Argélia (7,0%), Egito (5,7%) e Coreia do Sul (4,1%); os demais países importadores somam 51,7% de participação.

 

2.4 - Importações do Agronegócio Brasileiro

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio brasileiro no primeiro bimestre de 2023 foram: trigo (US$261,89 milhões, contabilizando 0,73 milhão de toneladas), papel (US$159,47 milhões) e salmões (US$140,10 milhões). A figura 4 apresenta os dez principais produtos que representam 43,6% (US$1,26 bilhão) do total importado (US$2,88 bilhões).

3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou aumentos de 1,2 ponto percentual nas exportações e de 1,1 p.p. nas importações no primeiro bimestre de 2023, apontando valores de 21,6% nas exportações e de 29,6% de representatividade para as importações (Figura 5).

Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo no primeiro bimestre de 2023 representaram 16,0% em relação ao agronegócio brasileiro, valor 0,6 ponto percentual superior que o registrado no mesmo período de 2022; já as importações tiveram queda (-3,8 p.p.), passando de 32,6% para 28,8% (Figura 5).

A participação do agronegócio paulista no agronegócio nacional no primeiro bimestre de 2023 se destacou nos seguintes grupos de produtos, cuja participação em valores ultrapassa 50% do total nacional: sucos (88,9%), produtos alimentícios diversos (71,6%), demais produtos de origem vegetal (66,6%) e complexo sucroalcooleiro (55,6%) (Tabela 5).

                                                                                                                                       

1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção “Tabela de Agrupamentos” em MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2023. Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/AGROSTAT.html. Acesso em: mar. 2023.


Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.

 

  

 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

ANGELO, J. A.; OLIVEIRA, M. D. M.; GHOBRIL, C. N. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Primeiro Bimestre de 2023. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 1-14, mar. 2023. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.


Data de Publicação: 30/03/2023

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor