Preços Agropecuários: alta de 2,65% na segunda quadrissemana de junho

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou a segunda quadrissemana de Junho de 2009 em alta de 2,65%. Os índices dos produtos de origem vegetal (IqPR-V) e de produtos de origem animal (IqPR-A) fecharam com variação positiva de 1,68% e 5,06%, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1. Variação Percentual do IqPR, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana de Junho de 2009.

São Paulo
São Paulo s/cana
IqPR
2,65% 
3,33% 
IqPR-V
1,68% 
1,69% 
IqPR-A
5,06% 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, os índices do IqPR sobe e fecha em 3,33%, o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) mantém praticamente o mesmo valor (1,69%) (Tabela 1).

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana de Junho de 2009.

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: carne de frango (12,14%), feijão (11,60%), leite tipo C (9,84%), algodão (9,52%), ovos (8,75%) e milho (6,79%) ( Tabela 2).

            A retração da produção de carne de frango pelos produtores, fez diminuir a oferta do produto no mercado, motivando assim o aumento nas cotações no período, também pressionadas, do lado dos custos, pelas elevações dos preços da soja e do milho.

            Em relação ao feijão, a estiagem na região Sul do Brasil provocou redução na safra anunciada em mais de 16% e os preços reagiram com maior intensidade. Entretanto, mostra-se fundamental atentar que ainda estão bastante menores aos verificados no mesmo período de 2008. Logo, tem-se ainda um processo de recuperação da rentabilidade dessa lavoura. Entretanto, como o atual patamar de preços se mostra pouco atrativo para plantios irrigados de inverno, a curva de preços deve ser ascendente por mais tempo.

            As altas nas cotações dos leites (principalmente o tipo C) são em virtude da diminuição da oferta do produto, já que as pastagens estão com baixa qualidade pela falta de chuva em algumas regiões (Centro Sul) e pelo excesso em outras (Norte-Nordeste). Segundo os laticínios, a redução da oferta levou a produzirem leite UHT pagando 'preços cota' dado a não existência de leite excedente (o qual é pago) 'preços extra-cota' que são menores. Em função disso se notam elevados aumentos no varejo do leite UHT ('caixinha’) quando o leite pasteurizado ('saquinho') e o leite em pó não apresentaram um aumento tão expressivo.

            Em relação ao milho, houve recuo da situação vivida em 2008, quando as exportações brasileiras do produto foram relevantes. A queda dos preços internacionais vem sendo compensada pela retomada do consumo interno, pressionado pela quebra da safra de verão. Mas tendo partido de patamares muito baixos têm-se nos aumentos recentes um processo de acomodação rumo à normalidade dos preços internos.

            Os produtos que apresentaram queda de preços na segunda quadrissemana de junho foram banana (8,87%), amendoim (8,74%), carne suína (7,54%), tomate para mesa (5,35%) e arroz (2,10%) (Tabela 2).

            A banana, que é mais consumida nas épocas do ano caracterizadas pelas temperaturas amenas (outono e primavera) tem sua demanda reduzida com a queda da temperatura, acarretando menor cotação no mercado.

            A queda de preços do amendoim é bastante atípica em relação ao seu padrão de variação estacional. As festas juninas caracterizam o pico de demanda e devem refletir no aumento de preços do produto

            Para a carne suína, a queda das cotações está associada à redução do consumo, provavelmente pelas noticias da gripe A (H1N1), chamada erroneamente de gripe suína (os meios de comunicação continuam a utilizar o termo, apesar dos esclarecimentos das autoridades).

Figura 1 - Evolução dos índices quadrissemanais de preços agropecuários, 1ª quadrissemana de novembro de 2008 à 2ª quadrissemana de junho de 2009.

            O comportamento da evolução dos índices quadrissemanais de preços mostra um recuo em relação à quadrissemana anterior de 0,2 ponto percentual para o IqPR e de 1,5 ponto percentual para o IqPR-V (produtos vegetais), este recuo se deve em grande parte a acomodação da cotação da cana-de-açúcar que apesar da variação positiva, ficou bem abaixo das variações anteriores. Já o IqPR-A (produtos de origem animal), a tendência de alta continua, porém agora com maior intensidade em relação a última quadrissemana, ficando 3,0 pontos percentuais acima.

            No período analisado, 12 produtos apresentaram alta de preços (7 de origem vegetal e 5 de origem animal), 5 apresentaram queda (4 de origem vegetal e 1 produtos de origem animal) e apenas 1 produto (trigo) permaneceu inalterado.
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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 16/05/2009 a 15/06/2009 e base = 16/04/2009 a 15/04/2009.

2Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

Data de Publicação: 19/06/2009

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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