Preços agropecuários encerram mês de Setembro com alta de 0,22%

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou o mês de Setembro de 2009 com variação positiva de 0,22%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) registrou alta de 1,81%, enquanto que o IqPR-A (produtos de origem animal) fechou com variação negativa de 3,72% (Tabela 1).

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR registra queda e termina com variação negativa de 0,69% e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) sobe um pouco e encerra com alta de 2,19% (Tabela 1).

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Setembro de 2009 e Acumulada Setembro/08-Setembro/09.

Índice Acumulado
São Paulo
São Paulo - sem cana
Variação Setembro/09
Acumulada 

Set/08 - Set/09

Variação Setembro/09
Acumulada 

Set/08 - Set/09

IqPR
0,22% 
4,22%
– 0,69% 
– 4,63%
IqPR-V
1,81% 
12,49%
2,19% 
5,04%
IqPR-A
– 3,72% 
– 14,67%
?
?
Fonte: Instituto de Economia Agrícola


            Para a variação acumulada no período de Setembro/08 a Setembro/09, os resultados dos índices mostram variações positivas para o IqPR de 4,22% e para o IqPR-V (vegetais) de 12,49%, e para o IqPR-A o acumulado ficou com variação negativa de 14,67%. Desconsiderando a cana-de-açúcar do cálculo do índice, os resultados acumulados apresentam quedas significativas, o IqPR no período registra variação negativa de 4,63%, enquanto o IqPR-V fecha positivamente em 5,04% (Tabela 1).
 

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Setembro de 2009.

Origem
Produto
Unidade
Cotações (R$)
Variação mensal (%)
Variação Set/08-Set/09 (%)
Agosto/09
Setembro/09
VEGETAL
Algodão
15 kg
39,05
39,48
1,10
-
Amendoim
sc.25 kg
19,48
19,63
0,77
-40,88
Arroz
sc.60 kg
36,83
35,44
-3,77
-18,32
Banana nanica
cx.21 kg
12,70
12,75
0,40
34,33
Batata
sc.60 kg
41,29
41,88
1,44
162,50
Café
sc.60 kg
241,71
243,52
0,75
-4,34
Cana-de-açúcar 
t de ATR
286,90
291,30
1,53
17,70
Feijão
sc.60 kg
71,67
62,86
-12,29
-64,81
Laranja p/ Indústria
cx.40,8 kg
5,74
5,86
2,07
-34,03
Laranja p/ Mesa 
cx.40,8 kg
6,64
8,00
20,43
-30,66
Milho
sc.60 kg
16,23
15,92
-1,96
-19,39
Soja
sc.60 kg
45,28
43,98
-2,86
0,37
Tomate p/ Mesa
cx.22 kg
39,57
32,13
-18,80
43,97
Trigo
sc.60 kg
29,41
29,24
-0,58
9,91
ANIMAL
Carne Bovina
15 kg
77,68
75,99
-2,17
-13,92
Carne de Frango
Kg
1,51
1,36
-9,48
-26,79
Carne Suína
15 kg
41,49
44,35
6,89
-31,15
Leite B
Litro
0,86
0,86
-0,19
10,13
Leite C
Litro
0,81
0,79
-1,66
6,09
Ovos
30 dz
36,45
33,62
-7,76
-20,41
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).


 

            Os produtos do IqPR que registraram maiores altas no mês de Setembro, em comparação com o mês anterior, foram: laranja para mesa (20,43%), carne suína (6,89%) e laranja para indústria (2,07%) (Tabela 2).

            Na laranja (para mesa) a retomada das aulas, concomitante com o fim do período mais duro de inverno, elevam o consumo, além da concorrência menor da laranja para indústria para o consumo in-natura, em virtude da redução da oferta da mesma para este fim. Mas verifique-se que da ótica da renda do citricultor o processo pode ser considerado de recuperação de preços, uma vez que os mesmos se mantêm 30,66% inferiores aos verificados em igual período do ano de 2008. O mesmo se pode dizer da laranja para indústria que aumentou pouco, mas ainda se mantêm muito baixo do ano anterior (-34,03%). Noutras palavras, os preços da laranja em geral se mostram em torno de um terço inferiores aos verificados em 2008.

            A alta do preço da carne suína decorre do aumento da demanda, principalmente por parte da indústria, que está incrementando a produção de derivados de carne suína, com vista ao consumo do final do ano e, também da redução da produção. Nos últimos meses os preços da carne suína ficaram abaixo do esperado, por conta da influência da gripe A (ainda erroneamente chamada de gripe suína). Porém as cotações mostram recuperação parcial, visto que, em média, estão na mesma faixa dos preços praticados no mesmo período de 2007, mas ainda menores (-31,15%), em relação ao mesmo período de 2008.

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços em Setembro foram: tomate para mesa (18,80%), feijão (12,29%), carne de frango (9,48%), ovos (7,76%) e arroz (3,77%) (Tabela 2).

            No feijão, incrementa-se a entrada da produção de inverno, ocasionado à redução das cotações, numa realidade de preços já baixos em relação ao ano passado. Ademais as safras, em especial da agropecuária de subsistência do Nordeste foram muito boas, ampliando ainda mais a oferta nesse momento, empurrando os preços para baixo. Mais uma vez ocorre o fato de que boas colheitas de feijão não necessariamente representam maior renda bruta, pois quando o produtor tem boa produção não tem bom preço, e quando tem bom preço é porque não tem o produto. As cotações atuais desestimulam o plantio das águas, quando nas regiões produtoras paulistas essa lavoura alimentar concorre com a soja.

            Para a carne de frango, o aumento da oferta derrubou as cotações do produto em uma realidade também de menor pressão de demanda. Com o efeito em cadeia, atinge-se o mercado de milho (enquanto insumo da avicultura), cuja produção se mostra acima da demanda, restrita pela queda das exportações e do preço da carne bovina -produto substituto- também por razões semelhantes, a isso somam os efeitos da apreciação cambial que pressiona para baixo os preços internos.

            Na comparação dos preços de Setembro de 2009 com o mesmo período do ano anterior, 8 produtos tiveram variações positivas e 11 variações negativas.

            No período as maiores variações positivas registradas foram para: batata (162,50%), tomate para mesa (43,97%), banana nanica (34,33%) – produtos onde a sazonalidade e o clima foram os principais fatores pela elevação dos preços – e cana-de-açúcar (17,70%), onde as condições favoráveis do mercado internacional do açúcar, em relação ao ano passado, sustentam a elevação dos últimos doze meses.

            As maiores quedas foram verificadas nas cotações do feijão (64,81%), amendoim (40,88%), laranja para indústria (34,03%), carne suína (31,15%), laranja para mesa (30,66%), carne de frango (26,79%) e ovos (20,41%) (Tabela 2).

            Dos produtos brasileiros com relevância internacional têm-se a soja com patamar de preços similares aos do ano anterior, ou seja, a continuidade do crescimento da economia chinesa – importante mercado para a soja brasileira – vem sustentando o patamar dos preços internacionais dessa oleaginosa. Vale destacar ainda as variações negativas para a carne bovina, milho e arroz.

            Chama a atenção o comportamento do conjunto de preços, que mostram comida mais barata em termos de alimentos básicos em relação a 2008: feijão e arroz (–64,81% e –18,32% respectivamente), mais cara em termos das saladas e misturas vegetais: tomate de mesa e batata (43,97% e 162,50% respectivamente) e nas duas principais frutas, a banana está mais cara (+34,33%) e a laranja de mesa equilibra o preço da cesta de frutas ao estar mais barata (-30,66%), o café da manhã fica mais caro pelo aumento do trigo (9,91%) e do leite (10,13% e 6,09%, tipo B e C respectivamente), ainda que com café mais barato (–4,34%) (Tabela 2).

            O consumo de proteína – com reflexos na qualidade nutricional – se mostra mais favorável que no ano passado, face aos preços inferiores da carne bovina (–13,92%), carne de frango (–26,79%), carne suína (–31,15%) e dos ovos (–20,41%) (Tabela 2). Ainda que essas condições favoráveis de preços não necessariamente cheguem ao varejo, mostram que no campo indicam condições favoráveis aos consumidores, ainda que representem reflexos negativos para a renda dos agropecuaristas.
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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/09/2009 a 30/09/2009 e base = 01/08/2009 a 31/08/2009.

2Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

Data de Publicação: 02/10/2009

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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