PREÇOS AGROPECUÁRIOS: índices acumulados do ano de 2009 e variação dos preços médios mensais em 2008 e 2009

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1 encerrou o ano de 2009 com alta de 12,04%. Os índices dos produtos vegetais (IqPR-V) registrou alta de 19,50%, enquanto os índices dos produtos animais (IqPR-A) terminou o ano de 2009 com variação negativa de 5,49%. Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, o IqPR tem forte redução e fecha em 5,25% positivo e o IqPR-V em 15,43% (Tabela 1).

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Acumulado em 2009
(em %)

Índice
Acumulado
Acumulado - sem cana
IqPR
12,04
5,25
IqPR-V (Origem vegetal)
19,50
15,43
IqPR-A (Origem animal)
-5,49
Fonte: Instituto de Economia Agrícola.

            O comportamento dos índices de preços agropecuários foram bem distintos em 2009, a visualização da evolução mensal da variação acumulada dos índices mostra que o IqPR e o IqPR-V tiveram a mesma tendência durante o ano com crescimento expressivo a partir de agosto, puxados pelas altas das cotações da cana-de-açúcar, e recuperação dos preços da laranja para indústria, algodão e café (Figura 1). O IqPR-A (produtos de origem animal) teve seu pico em junho que corresponde ao início da entressafra, notadamente da produção leiteira, porém os preços não se sustentaram com boa oferta de produtos e terminou o ano com variação negativa.

Figura 1 - Evolução Mensal da Variação Acumulada do Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista em 2009. 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.

            Entre os principais produtos da agropecuária paulista a cana-de-açúcar foi o único a apresentar todos os preços de 2009 superiores aos de 2008 (Figura 2). A quebra da safra em grande produtor mundial (Índia) elevou as cotações do açúcar no mercado internacional, refletindo-se no Brasil, onde o excesso de chuva prejudicou a qualidade e a colheita da matéria-prima. Por um lado, a cana foi o principal responsável pela elevação do Índice de Preços Recebidos pelo Produtor (refletindo positivamente na renda agrícola), por outro, a grande elevação dos preços de álcool e açúcar ao consumidor afetou os índices inflacionários.

            O café, embora apresente uma variação de preços de 6,98% de dezembro de 2008 a dezembro de 2009, na maioria dos meses teve cotações inferiores em 2009.

            A soja, ao contrário, teve uma variação de ponta a ponta de apenas 1,15%, porém garantiu preços superiores aos do ano passado na maioria dos meses de 2008. A quebra da safra argentina e a manutenção da demanda chinesa sustentaram as cotações da oleaginosa. No entanto, a manutenção do real sobrevalorizado afetou as receitas nas exportações tanto da soja quanto do café.

            A maior queda de preços entre os produtos de origem vegetal ocorreu com o feijão (-44,99%). As boas safras brasileiras e a entrada de feijão boliviano contribuíram para a queda nas cotações e as aquisições do Governo Federal não foram suficientes para

Figura 2 – Preços Médios Mensais dos Produtos de Origem Vegetal, 2008 e 2009. 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.

            garantir preços estimulantes aos produtores. Durante todos os meses de 2009 os preços foram inferiores aos de 2008, reduzindo em muito a receita dos produtores paulistas da leguminosa (Figura 2).

            Os preços da banana produzida em São Paulo foram afetados pelo redirecionamento da banana catarinense (que perdeu o mercado argentino) e pelo clima quente e chuvoso (que facilitou e acelerou a formação dos cachos) caindo 25,57% no período. Nem mesmo a redução da área (-10,7%) e a da produção (-8,4%) foram suficientes para sustentar os preços no decorrer de 2009.

            O tomate de mesa apresentou variações acentuadas de preços em 2009, em função de chuvas torrenciais alternadas por períodos favoráveis ao desenvolvimento da cultura. Assim o preço da caixa de tomate variou de menos de R$15,00 em fevereiro a mais de R$40,00 em outubro. O preço de dezembro de 2009, 23,34% menor que o de dezembro de 2008, não representa uma menor receita dos produtores paulistas no decorrer do ano.

            Os preços do arroz produzido em São Paulo caíram 19,61% no período. Em um mercado amplamente dominado pelo arroz gaúcho, os preços no atacado e no varejo da capital paulista caíram mais de 14,0% entre dezembro de 2008 e dezembro de 2009. Assim a dupla arroz com feijão contribuiu significativamente na redução do custo da cesta básica.

            A laranja, tanto para a indústria quanto para a mesa, apresentou preços em 2009 inferiores aos de 2008 no decorrer de todo o ano, representando uma queda de receita para a citricultura paulista.

            Nos produtos de origem animal apenas o frango e o leite apresentaram variações positivas de preços no período. A carne de frango apresentou em 2009 uma curva de variação oposta à de 2008, encerrando com alta de 1,04% no período. O leite tipo C e tipo B apresentaram variação de 6,01% e 0,21%, respectivamente, entre dezembro de 2008 e dezembro de 2009 aparentemente apenas em função do deslocamento da curva em função da sazonalidade (Figura 3).

            Os efeitos da crise econômica global sobre importantes compradores das carnes brasileiras afetaram as cotações da carne bovina e suína. Embora os preços da carne bovina tenham tido uma variação de -10,93% no período, as cotações no primeiro semestre de 2009 permaneceram superiores às de 2008, enquanto a carne suína variou -9,93%, porém apresentou preços menores em todo o ano de 2009, com maior impacto de redução da receita dos produtores.

            Os produtores paulistas de ovos também tiveram receita menor em 2009 uma vez que os preços de 2009 apresentaram-se menores que os de 2008 em quase todo o ano, fechando com uma variação de –13,77%.

Figura 3 – Preços Médios Mensais dos Produtos de Origem Animal, 2008 e 2009. 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.

            A grande elevação dos preços da cana-de-açúcar durante o ano de 2009 propiciou significativo ganho de renda para o setor. Neste caso, os elevados preços de álcool e açúcar ao consumidor foram instrumentos de transferência de renda da cidade para o setor sucroalcooleiro. Outras cadeias que contribuíram para a elevação dos índices de preços não tiveram os mesmos ganhos de renda. Por outro lado, a forte redução de preços de produtos componentes da cesta básica (como arroz, feijão, carne bovina, carne suína e ovos) atuou no sentido de reduzir índices inflacionários e aumentar o poder de compra da população.

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1Ver metodologia em: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, set. 2008, p. 22-34. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: jan. 2010.

Palavras-chave: preços agrícolas, índices de preços, IqPR.

Data de Publicação: 11/02/2010

Autor(es): Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor