Preços Agropecuários: queda de 0,49% na terceira quadrissemana de abril

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 registrou pequena baixa de 0,49% na terceira quadrissemana de Abril de 2010. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou com variação negativa de 1,39%, enquanto que o IqPR-A (produtos de origem animal) encerrou em alta com variação quadrissemanal de 1,74% (Tabela 1).

Tabela 1. Variação Percentual do IqPR, Estado de São Paulo, 3ª Quadrissemana de Abril de 2010.

São Paulo
São Paulo s/cana
IqPR
-0,49 
-1,54 
IqPR-V
-1,39 
-4,66 
IqPR-A
1,74 
-

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, os índices IqPR e IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) caem para 1,54% e 4,66%, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, 3ª Quadrissemana - Abril de 2010.

Origem
Produto
Unidade
Cotações (R$)
Variação quadrissemanal (%)
3ª Março/10
3ª Abril/10
VEGETAL
Algodão
15 kg
48,59
54,43
12,01
Amendoim
sc.25 kg
25,49
26,39
3,52
Arroz
sc.60 kg
35,95
34,00
-5,44
Banana nanica
cx.21 kg
10,00
12,25
22,44
Batata
sc.60 kg
....
....
....
Café
sc.60 kg
258,82
260,22
0,54
Cana-de-açúcar 
t de ATR
345,42
348,91
1,01
Feijão
sc.60 kg
80,83
106,19
31,37
Laranja p/ Indústria IIndústria pp/indústria
cx.40,8 kg kg
9,77
8,19
-16,19
Laranja p/Mesa 
cx.40,8 kg
22,52
17,98
-20,12
Milho
sc.60 kg
14,66
14,86
1,34
Soja
sc.60 kg
33,12
32,29
-2,52
Tomate p/ Mesa
cx.22 kg
38,93
33,26
-14,56
Trigo
sc.60 kg
24,05
23,25
-3,29
ANIMAL
Carne Bovina
15 kg
74,80
79,30
6,01
Carne de Frango
Kg
1,56
1,45
-7,01
Carne Suína
15 kg
50,32
50,86
1,07
Leite B
Litro
0,77
0,80
3,85
Leite C
Litro
0,72
0,73
1,41
Ovos
30 dz
38,92
38,30
-1,60

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: feijão (31,37%), banana nanica (22,44%), algodão (12,01%), carne bovina (6,01%) e leite B (3,85%) (Tabela 2).

            Os baixos preços obtidos pelos produtores paulistas de feijão, durante o ano de 2009 e o primeiro bimestre de 2010, bem como a conjuntura de preços não remuneradores dos custos dos primeiros meses do ano desestimularam o plantio da safra da seca, o que vem provocando o acelerado aumento em suas cotações nos meses de março e abril. De imediato, nada indica possibilidade de haver refluxo desta escalada altista. Ressalte-se que isso se mostra ruim tanto para produtores como para consumidores, pois quando tinha produto o agricultor não tinha preço, agora tem preço, mas não tem produto. O consumidor paga mais caro, mas a renda agropecuária bruta não se mostra maior.

            Os preços da banana nanica encontram-se dentro da variação estacional padrão (que indica pico de preços no mês de abril). O aumento acentuado reflete a diferença entre os baixos preços alcançados durante o verão e o estímulo nos preços provocados pela expansão do consumo, peculiar no período de outono (acrescido por se estar na entressafra da banana prata). Os impactos da inundação de bananais com as chuvas de verão mostraram-se bem inferiores às estimativas iniciais. A quebra na produção na região de Registro foi pequena e insuficiente para provocar variações drásticas nas cotações do produto.

            No caso do algodão, os preços internacionais dispararam dada a redução dos estoques, com o que os preços internos subiram mais que a valorização cambial. A oferta menor que o consumo da agroindústria têxtil brasileira deverá manter viés de alta para os preços da pluma nos próximos meses.

            Na carne bovina ocorre aceleração dos novos contratos de exportação exatamente no momento em que os pastos sofrem os primeiros efeitos do outono, ressaltando também que os patamares dos preços recebidos pelos agricultores apenas atingiram nível próximo da média dos custos de produção.

            No leite B, e em menor intensidade no Leite C, começam os efeitos da perspectiva de entressafra, onde as pastagens começam a perder sua qualidade. Ademais, o movimento altista vem do setor varejista, sendo os preços repassados aos produtores em menor percentual, como sempre ocorre.

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na terceira quadrissemana de abril foram: laranja para mesa (20,12%), laranja para indústria (16,19%), tomate para mesa (14,56%), carne de frango (7,01%) e arroz (5,44%) (Tabela 2).

            Na laranja de mesa, a pressão para baixa dos preços se manifesta em função do final do verão, quando se reduz o consumo de sucos caseiros, na mesma medida que surge maior oferta pela entrada da safra. No caso da indústria, a entrada da safra, os preços internacionais e a valorização cambial indicam preços em queda.

            A queda brusca do preço do tomate, em meados de março, reflete queda da demanda do produto no varejo devido ao alto preço; com isto a rede varejista diminuiu a compra do tomate junto aos produtores, o que gerou uma queda acentuada naquele momento. E a entrada dos plantios 'do cedo' ajudou na redução dos preços.

            Na carne de frango, a ampla oferta e a queda da remuneração das exportações pela valorização cambial, aliada à oferta de carne bovina barata, impulsionaram os preços para baixo. Por outro lado, os menores preços da carne de frango refletem a redução dos custos de produção derivada da queda de preços de milho e soja.

            O início da safra de arroz no Rio Grande do Sul e em outros estados sulistas e do Centro-Oeste derrubaram as cotações do produto, o que tem freado as negociações entre produtores e o atacado. Embora a expectativa seja de quebra de safra, devido às chuvas no Rio Grande do Sul, as cotações do arroz continuam caindo, em função da retração nas compras dos varejistas que praticaram preços elevados nos meses anteriores.

            No período analisado, 11 produtos apresentaram alta de preços (7 origem vegetal e 4 de origem animal) e 8 apresentaram queda (6 vegetal e 2 animal).

________________________________
1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 24/03/2010 a 23/04/2010 e base = 22/02/2010 a 23/03/2010.

2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

Data de Publicação: 28/04/2010

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor