Importação de Vinhos no Brasil Cresceu 30,7% de 2009 a 2011

           

            Desde 2010, observa-se no mercado de vinhos um aumento significativo das importações. Desde 2007, as importações ficavam na média entre 59 a 60 milhões de litros. Em 2010, observou-se um aumento de 26,5% em relação a 2009, com volume de 75,3 milhões de litros. De 2010 para 2011, o aumento foi ainda maior, 27,4%, atingindo um volume de 77,3 milhões de litros. Nos últimos dois anos, de 2009 a 2011, as importações cresceram 30,7% (Tabela 1).

 

Tabela 1 – Importações brasileiras de vinhos e espumantes, 2007 a 2011


 

1NCM 22041010 - Vinhos de uvas frescas, tipo champanha (champagne).

2NCM 22041090 - Outros vinhos de uvas frescas, espumantes e espumosos.

3NCM 22042100 – Outros vinhos, mostos de uvas, ferm. imped. álcool, recips<=2 l.

4Outros – NCM 22042900 (outros vinhos, mostos de uvas, ferm. imped. por adição álcool); NCM 22042911 (vinhos em recipientes de capacidade não superior a 5 l); NCM 22042919 (outros vinhos de capacidade superior a 5 l); NCM 22042920 (mosto).


Fonte: Elaborada com dados de BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Agrostat. Brasília: MDIC, 2012. Disponível em: <http://www.sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/AGROSTAT.html>. Acesso em: 17 fev. 2012.


           O Brasil importa vinhos de 30 países, sendo que 95,4% do volume total é proveniente do Chile, Argentina, Itália, França, Portugal e Espanha. Os vinhos chilenos representam 34,5% das importações brasileiras, e os vinhos argentinos 22,9%, ou seja, o brasileiro consome quase 60% de vinhos provenientes dos nossos vizinhos do Mercosul. Os vinhos do Velho Mundo mais importados pelo Brasil são da Itália, França, Portugal e Espanha. A Espanha apresentou um aumento muito expressivo de 2010 para 2011, 32,4%, e a França, de 20,4% (Tabela 2).  

 Tabela 2 – Principais Países de Origem das Importações de Vinho no Brasil, 2007 a 2011

 

Fonte: Elaborado com dados de BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Agrostat. Brasília: MDIC, 2012. Disponível em: <http://www.sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/AGROSTAT.html>. Acesso em: 17 fev. 2012.


 

            A participação significativa dos vinhos chilenos e argentinos no consumo de vinhos pode ser entendida, do ponto de vista econômico, pelos preços dos vinhos oriundos do Mercosul serem mais competitivos, tanto pelo fator cambial como pelos custos logísticos mais baixos.

 

            Analisando o consumo total de vinhos, o brasileiro passou a beber muito mais vinhos finos, de 93,6 milhões de litros em 2010, para 96,8 milhões de litros em 2011, considerando os importados mais os vinhos finos nacionais (Tabela 3). 


 

Tabela 3 – Consumo de Vinhos Finos no Brasil, 2007 a 2011

Fonte: UNIÃO BRASILEIRA DE VITINICULTURA – UVIBRA. Dados estatísticos. Bento Gonçalves, 2011. Disponível em: <http://www.uvibra.com.br/dados_estatisticos.htm>. Acesso em: 20 fev. 2012.



            Analisando os fatores que possibilitaram o aumento do consumo dos vinhos finos, que são mais caros que os vinhos de mesa coloniais, primeiramente leva-se em conta a valorização da moeda brasileira, o real, frente ao dólar e, portanto, frente a outros moedas estrangeiras.
 

            Como se pode observar na figura 1, os dados do IPEA indicam que, em janeiro de 2010, o dólar norte-americano, cujo valor estava ao redor de R$1,75, no segundo semestre de 2011 chegou a pouco mais de R$1,55.


 
Figura 1- Evolução do Valor do Dólar Norte-americano no Brasil1, Janeiro de 2010 a Janeiro de 2012.

 
1Taxa de câmbio real.
Fonte: INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. Taxa de câmbio real. Brasília, 2011. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/>. Acesso em: 15 fev. 2012.

 

            Outros fatores macroeconômicos a serem considerados foram o aquecimento da economia brasileira e as taxas de desemprego muito baixas (6,1% janeiro de 2011).1 E, finalmente, é possível que o brasileiro tenha migrado para os vinhos finos, por mudanças de gosto e paladar, possibilitadas pela experiência de uma variedade maior de vinhos ofertados nas prateleiras.
 

            As vinícolas brasileiras também comemoram o aumento de consumo de vinhos finos no Brasil, pois o volume produzido de vinhos finos brasileiros cresceu 6,8% de 2010 para 2011.
 

            Nas inferências sobre os fatores que contribuíram para o aumento das importações, deve-se considerar a natureza conjuntural deste artigo, que mereceria uma análise com maior profundidade, para constatações técnico-cientificas mais sólidas.

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¹INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa mensal de emprego. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_
noticia=1827&id_pagina=1>. Acesso em: 15 fev. 2012.


Palavras-chave: vinhos, importação, Brasil.

Data de Publicação: 05/03/2012

Autor(es): Geni Satiko Sato (sato@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor