Primeira Previsão da Safra de Laranja no Estado de São Paulo, Ano Safra 2013/14

O resultado da estimativa de safra de laranja no Estado de São Paulo é produto de parceria entre a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (SAA), por meio dos seus órgãos Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), e também a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), pertencente ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A metodologia de levantamento das informações baseou-se em desenho de amostra probabilística estratificada1, constituída de 613 elementos distribuídos no Estado de São Paulo e sorteados no sistema de referência constituído pelo Projeto LUPA2.

As informações têm como período de referência a safra 2013/14 e a coleta de dados ocorreu no mês de abril de 2013, mediante aplicação de questionário estruturado ao responsável pela Unidade de Produção Agrícola (UPA).

No primeiro levantamento da safra 2013/14, estimam-se 279,1 milhões de caixas de 40,8 kg para processamento industrial e 48,7 milhões de caixas para mercado in natura, totalizando uma produção comercial de 327,8 milhões de caixas de 40,8 kg de laranja para o Estado de São Paulo, exclusive 16,2 milhões de caixas de 40,8 kg não expressivas economicamente e perdas3 (Tabela 1).

Os principais fatores impactantes para as perdas esperadas, apontadas pelos produtores na atual safra, são: perdas por fatores fitossanitários, adubação inadequada, fatores climático e econômico.

O Estado de São Paulo possui aproximadamente 12.000 citricultores, cujos pomares totalizam 190,8 milhões de plantas em produção e 19,6 milhões de pés ainda sem produção para a atual safra.

A citricultura paulista teve como principal característica na última década a adoção de tecnologia, de manejo de pragas e doenças, aumento de densidade de plantio, irrigação e adubação o que acarretou ganhos de produtividade.

Entretanto, no último ano o setor passou por uma de suas mais severas crises, influenciada pela diminuição do consumo de suco no mercado externo e elevados estoques, e a indústria não processou a quantidade de laranja esperada. Muitos produtores já vinham se descapitalizando ao longo dos anos, não só pelos baixos preços recebidos pela caixa da fruta, mas também pelo aumento de custo de produção devido ao aumento de problemas fitopatológicos. Os produtores sofreram forte golpe: endividados, sem mercado para escoar sua produção, deixaram a fruta no pomar, o que ocasionou problemas fitossanitários, com danos muitas vezes irreversíveis nas plantas e até erradicação completa de pomares, com comprometimento da atual safra (2013/14)4.

 

 

 A presença dos frutos durante a florada da atual safra impactou na diminuição da produção de 2013/14.

Um novo fator vem surgindo como gargalo para a citricultura paulista nos últimos anos: não só a influência de fatores climáticos, fitopatológicos e mercadológicos, mas também a concorrência da mão de obra na citricultura com outras atividades mais remuneradoras.

 Para o primeiro levantamento da safra 2013/14, a área ocupada com laranja no Estado de São Paulo é estimada em 531,5 mil hectares, sendo a área em produção de 496,7 mil hectares.

Para esta safra, observou-se processo de erradicação na ordem de 36,7 mil hectares5; 72% dessa área poderá ser substituída pela cana-de-açúcar e 15% por milho e soja, com maior incidência nos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) de Araraquara, Barretos e Limeira.

Vale ressaltar que 77% da provável área erradicada ocorrerá em propriedades com pomares inferiores a 300 hectares, mais especificamente, 56% da área total erradicada ocorrerá em propriedades com pomares inferiores a 100 hectares.

Quando se utiliza área em hectares como classificação de produtores em pequenos, médios e grandes, ou seja, como pequenos os produtores com até 20 mil pés de laranja, como grandes aqueles com mais de 100 mil e os demais como médios, observa-se que o número de plantas em pomares grandes aumentou no segundo semestre de 2012 em relação ao primeiro semestre desse mesmo ano, enquanto nos pequenos diminuiu. Esses resultados, ainda preliminares, são baseados em dados da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA/SAA).

No segundo semestre de 2012, em quase todas as regiões produtoras de citrus, a abertura das flores foi seguida por períodos de sol intenso e pouca chuva, o que prejudicou o pegamento da florada. Além disso, a baixa remuneração observada, sobretudo na safra 2012/13, fez com que citricultores reduzissem os tratos culturais, sendo que alguns deixaram até mesmo de utilizar seus sistemas de irrigação. Na maioria das regiões, a principal florada ocorreu entre o final de julho e setembro de 2012, e o ideal, para o bom desenvolvimento dos chumbinhos, seria que houvesse períodos de sol intercalados com chuva após o aparecimento das flores. Porém, houve estiagem entre os meses de setembro e novembro em muitas cidades produtoras. Nos pomares que contaram com irrigação, os impactos foram minimizados, havendo pegamento de boa parte da florada.

O tamanho dos frutos também foi comprometido pela estiagem, o que irá impactar diretamente na produtividade, pois será necessário número maior de frutos em uma caixa de 40,8 kg.

Estima-se produtividade média do Estado de São Paulo em 1,72 caixas de 40,8 kg por planta, o que corresponde a 660 caixas por hectare.

Os fatores que podem ser elencados como influência nessa produtividade seriam a estiagem no segundo semestre do ano passado e o alto índice de problemas fitossanitários, principalmente cancro cítrico e HLB.

Para UPAs abaixo de 300 hectares, o levantamento apontou produtividade estimada em 1,65 cx./planta. Já em UPAs acima de 300 hectares, a produtividade estimada foi de 1,99 cx./planta, e esse quadro pode estar relacionado aos diferentes níveis tecnológicos adotados pelos produtores.

Devido à diversidade de variedades, a colheita geralmente se realiza entre os meses de maio a fevereiro do ano subsequente, iniciando com variedades precoces (westin, hamilin, rubi e pineapple), seguida pelas de meia-estação (pera rio) e finalizando com as variedades tardias (valência e natal).

O presente levantamento indica que os meses de setembro, outubro e novembro são os de maior intenção de colheita (46%) (Tabela 1).

 

 _________________________________________________________

 1CAMARGO, F. P.; FRANCISCO, V. L. F. S. Estimativa de safra de laranja no Estado de São Paulo. Informações Econômicas, São Paulo, v. 41, n. 5, maio 2011.

 2SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Coordenadoria de assistência técnica integral. Instituto de Economia Agrícola. Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo - LUPA 2007/2008. São Paulo: SAA/CATI/IEA, 2012. Disponível em: <http://www.cati.sp.gov.br/projetolupa/>. Acesso em: jan. 2012.

 3Consideraram-se produção de pomares não expressivos economicamente e perdas relativas ao processo produtivo e colheita.

 4BAPTISTELLA, C. S. L. et al. Difícil ano para a laranja. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 7, n. 12, dez. 2012.

 5Segundo análise estatística a área erradicada no Estado de São Paulo pode ser de 28,1 mil hectares a 45,3 mil hectares.


Palavras-chave:
laranja, previsão de safra, amostra probabilística.

 

Data de Publicação: 03/06/2013

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vera Lucia Ferraz dos Santos Francisco Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Priscilla Rocha Silva Fagundes (prsfagundes@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Antônio José Torres (torres@cati.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Mauro Antonio Luchetti Consulte outros textos deste autor
José Geraldo Zambolim Gigli (gili@cati.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo André Ferreira da Silva Consulte outros textos deste autor