Preços Agropecuários: alta de 0,35% no fechamento do mês de julho de 2013

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2    (que mede a variação de preços recebidos pelos produtores paulistas), encerrou o mês de julho de 2013 em alta de 0,35%. Separado em grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou em baixa de 1,11%, enquanto o IqPR-A (produtos de origem animal) teve forte valorização de 4,76% (Tabela 1). 

Quando a cana-de-açúcar (que em julho fechou em alta de 0,23%) é excluída do cálculo do índice devido a sua importância na ponderação dos produtos, os índices em julho seguem a mesma tendência quando da presença deste produto, com quase a mesma intensidade (0,35% contra 0,49%).  Mesmo com o IqPR-V sem cana tendo forte queda e fechando em -4,06%, a alta dos produtos de origem animal em 4,76% manteve o IqPR nos mesmos patamares quando retirada da análise a principal cultura da agropecuária paulista (Tabela 1). Enfatiza-se que a desvalorização maior no grupo de origem vegetal se deve às quedas das cotações para grande parte dos produtos, puxados principalmente pelas cotações do tomate, do milho e das laranjas  (Tabela 2).

 

Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de julho foram: carne de frango (13,98%), trigo (9,22%), algodão (8,18%), feijão (6,07%) e batata (4,93%). Seguem com alta, mas em menor escala a carne bovina (2,60%), leites B e C (2,21% e 1,74%, respectivamente), ovos (1,65%) e a soja (1,18%) (Tabela 2).

 No caso da carne de frango, um menor plantel de animais para o ciclo de acabamento em julho reduziu a oferta no mercado doméstico e aumentou os preços recebidos pelos granjeiros.

 Para o trigo, as geadas que causaram perdas na safra elevaram as cotações do produto ao reduzir sua oferta. Este impacto já é possível ser sentido no varejo, com a elevação dos preços dos pães. 

Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: tomate de mesa (40,43%), carne suína (6,43%), laranja para indústria (6,12%), milho (3,90%) e amendoim (2,99%). Com menor variação aparece laranja para mesa (1,36%), arroz (0,38%), café (0,37%) e banana nanica (0,34%) (Tabela 2).

Com a estiagem tradicional do inverno no Centro-Sul, aumenta-se a produtividade dos tomateiros em relação ao verão chuvoso, tirando-o do debate político e econômico apresentado de maneira calorosa pela imprensa no primeiro semestre do ano.

Nas regiões pesquisadas, a variação negativa da carne suína no mês de julho reflete as quedas das cotações no inicio do mês.Assim, mesmo tendo havido recuperação dos preços recebidos no final do mês com o aumento das exportações que resultou no encurtamento da oferta do produto aos frigoríficos, o quadro de desvalorização do preço médio em relação ao mês anterior se manteve . No mercado varejista, os preços do pernil e da bisteca também registraram ligeiras quedas no mesmo período. Algo importante a se destacar em relação à suinocultura, refere-se à ascensão das cotações na  comparação de julho/13 com julho/12: neste último momento os produtores estão recebendo mais pela carne e os preços estão maiores em 22%.

Em resumo, em julho, 11 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e 4 de origem animal) e 9 apresentaram queda (8 vegetais e 1 de origem animal).

 

Acumulado nos últimos 12 meses

No acumulado dos últimos 12 meses (julho/12 a julho/13), o IqPR ficou praticamente estabilizado e fechou em -0,23%. Já o IqPR-V (vegetal) teve variação negativa no período de -5,08%, enquanto que o IqPR-A (produtos de origem animal) valorizou positivamente em 14,10%. Sem o produto cana-de-açúcar (o valor do ATR teve variação negativa de 11,83% no período), os cálculos dos índices acumulados tiveram altas expressivas: o IqPR subiu 11,00% e o IqPR-V (vegetais) 6,92% (Tabela 1).

 Assim, os comportamentos dos índices acumulados com a cana e sem a cana apresentaram comportamentos diferentes (Figura 1). O IqPR (linha azul contínua) e o IqPR sem a cana (linha azul tracejada), apresentam a mesma linha de tendência, porém o índice sem a cana tem maior oscilações, tanto para o alto quanto para baixo. No caso do mês de julho/13, o IqPR sem a cana fica maior em 11 pontos percentuais. O mesmo efeito ocorre para os índices de produtos vegetais: o IqPR-V (linha verde continua) e o IqPR-V sem cana (linha verde tracejada). Isso mostra como os preços agropecuários paulistas são fortemente influenciados pelo preço da cana-de-açúcar.

Na figura 1 é possível visualizar a evolução dos produtos vegetais com elevação do índice em agosto e setembro de 2012, em virtude de reajustes como os do arroz, feijão, batata e soja. Já nos meses de outubro e novembro, ancorados pelas desvalorizações das laranjas e da inversão nos preços da soja, o IqPR-V cai de maneira mais acentuada neste bimestre. Em dezembro, estes índices voltam a ter ascensões devido ao reajuste da demanda ocasionada pelas festas de final de ano e continua subindo até abril/13 com as altas dos produtos perecíveis. De maio/13 em diante o índice acumulado volta a cair influenciado pelas quedas dos preços desses mesmos produtos (perecíveis).

No caso dos produtos animais (IqPR-A) , o acumulado nos últimos 12 meses registrou alta de 14,10%. O indicador mostra comportamento ascendente de agosto/12 até fevereiro/13, com a elevação dos custos da ração animal e os consequentes aumentos de preços para carne suína, seguida dos ovos e da carne de frango. De março até maio/13 apresentam-se quedas acentuadas com as desvalorizações das carnes suína e de frango e volta a subir nos meses de junho e julho/13 com as altas dos leites e das carnes (frango e bovina). (Figura 1).

 

presentaram aumentos em patamares mais elevados que a inflação acumulada para os últimos 12 meses, medida pelo IPCA-IBGE (6,27%): batata (232,94%), trigo (52,83%), laranja para mesa (43,02%), algodão (37,52%), feijão (33,56%), carne suína (22,05%), arroz (20,18%), ovos (19,87%), carne de frango (14,76%), leite B (10,29%) e carne bovina (8,12%). Em menor expressão variou também positivamente o leite C (5,05%) (Tabela 2).

Apresentaram reduções de preços os seguintes produtos: tomate para mesa (47,77%), café (27,83%), amendoim (20,14%), cana-de-açúcar (11,83%), banana nanica (9,98%), milho (5,80%) e soja (2,08%) (Tabela 2). A laranja para indústria estava sem cotação de preços em julho de 2012.

 

¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/07/2013 a 31/07/2013 e base = 01/06/2013 a 30/06/2013.

²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573 .


 

Data de Publicação: 13/08/2013

Autor(es): Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor