Quebra na Produção Paulista de Café Atinge 10,1%, em 2013

A estimativa de área ocupada com lavouras de café, em território paulista, somou 177.641 hectares cultivados, dos quais 158.907 hectares em produção e 18.734 hectares em formação. Enquanto as lavouras em produção exibem densidade de cultivo de 2.941 pl./ha, as lavouras em formação já alcançam as 3.325 pl./ha, indicando que os cafeicultores estão em processo de incorporação da tecnologia de adensamento, visando o incremento da produtividade média obtida. A estimativa de produção total alcançou 3.845.354 sacas de 60 kg de café beneficiado, revelando queda de 10,1% frente a estimativa de abril de 2013 (Tabela 1).

 

Tabela 1 – Estimativas da Safra Cafeeira 2013, 3o Levantamento, Estado de São Paulo, Agosto de 2013

Descrição da variável

Unidade

 Estimativa
(valor)

 Intervalo de confiança

 Coeficiente
de variação

 Inferior

 Superior

Área em formação s/ produção      

ha

18.734

16.917

20.551

9,7

Área em produção                 

ha

158.907

152.233

165.581

4,2

Pés em formação s/ produção       

n.

62.296.923

55.693.449

68.900.397

10,6

Pés em produção                  

n.

467.451.784

443.611.743

491.291.825

5,1

Produção esperada                

sc. 60 kg

3.845.354

3.656.931

4.033.776

4,9

Produtividade

sc. 60 kg/ha

24

22

26

8,7

Intenção de Plantio

     Área                             

ha

3.904

3.108

4.700

20,4

     Pés                              

n.

14.377.894

11.200.379

17.555.408

22,1

Substituição

     Área                             

ha

2.404

1.969

2.840

18,1

     Pés                              

n.

8.022.732

6.658.868

9.386.597

17

Estoques

     Propriedade                 

sc. 60 kg

553.824

481.273

626.375

13,1

     Cooperativa                 

sc. 60 kg

215.117

166.501

263.734

22,6

     Outros armazéns             

sc. 60 kg

363.332

248.156

478.508

31,7

Percentual de área colhida em

     Abril/2013                 

%

0

0

0

52,5

     Maio/2013                  

%

7

6

7

10,3

     Junho/2013                 

%

23

22

24

5,8

     Julho/2013                 

%

36

34

38

5,4

     Agosto/2013                

%

26

24

28

6,5

     Setembro/2013              

%

8

7

8

9,5

     Outubro/2013               

%

1

0

1

29,1

     Novembro/2013              

%

0

0

0

90,1

Fonte: CONAB/CATI/IEA.

 

Dois fatores são os responsáveis pela diminuição da oferta de café beneficiado no Estado de São Paulo. Nesse levantamento, constatou-se queda na produtividade média esperada da ordem de 4,35%, ou seja, dos 25,3 sc./ha que eram previstos em abril/2103, houve recuo para 24,2 sc./ha. Ademais, também houve retração de área, indicando que 9.911 hectares de lavouras foram erradicados, encolhendo o parque produtivo paulista em 5,87%.

 

Ocupação de Mão de Obra

O total de pessoas ocupadas (exceto volantes) na cafeicultura paulista, em agosto de 2013, foi de 49.168, de acordo com a pesquisa. A categoria de trabalho proprietário e familiares (residentes e não residentes nas UPAs) predominou com 25.114 indivíduos, ou seja, 51% do total empregado. Assalariados somaram 18.547 residentes e não residentes nas UPAs, correspondendo a 38% do total. As categorias arrendatários e parceiros e seus familiares (residentes e não residentes nas UPAS) totalizaram 1.019 e 4.488 pessoas, respectivamente (Tabela 2).

As regiões de São João da Boa Vista e de Franca são as que possuem a maior participação no total ocupado no Estado de São Paulo, com 13.532 (27,5%) e 8.194 pessoas (16,7%), respectivamente. A seguir, estão as regiões de Bragança Paulista e de Avaré e Ourinhos, ocupando acima de 5.700 pessoas por região. A região de Araraquara, Botucatu, Campinas, Jaú, Limeira, Mogi-Mirim e Ribeirão Preto tem aumentado o número de pessoas nas categorias assalariados e proprietário e seus familiares. No entanto, a região de Dracena e Tupã teve queda de área e de produção sem sinalizar renovação do cafezal. Aparentemente, indica que os produtores estão deixando de cultivar o café e em função disso ocasionou redução na ocupação de mão de obra.

No Estado de São Paulo, o trabalho volante foi estimado em dias/homens, ou seja, dias de serviços realizados pela categoria e totalizou 392.224 dias/homens utilizados, principalmente, na operação de colheita. As regiões de Avaré e Ourinhos, de São João da Boa Vista e de Franca foram as que mais ocuparam volantes no estado (33,3%, 22,5% e 20,7% respectivamente).

Em comparação ao levantamento de abril e o número de volantes na lavoura nas regiões produtoras, foi a região de Marília que apresentou maior retração. Isto está evidenciado pela diminuição de 24,5% da produção regional. Contudo, a região indicou renovação de áreas com café.

 

 

Tabela 2 - Estimativa do Número da População Residente e Não Residente por Categoria de Ocupação nas Regiões Cafeeiras do Estado de São Paulo, Agosto de 2013

Regiões cafeicultoras

Proprietário e familiares

Arrendatário e familiares

Residente

%

Não
residente

%

Residente

%

Não
residente

%

Região de Franca

1.105

6,3

1.970

26

214

44

320

61

Região de São João da Boa Vista

3.248

19

2.278

30

141

29

209

40

Região de Bragança Paulista

2.767

16

485

6,3

 -

 -

 -

 -

Região de Avaré e Ourinhos

2.553

15

712

9,3

135

28

 -

 -

Região de Marília

684

3,9

732

9,6

 -

 -

 -

 -

Região de Dracena e Tupã

3.519

20

560

7,3

 -

 -

 -

 -

Região de Araraquara, Botucatu,
Campinas, Jaú, Limeira,
Mogi-Mirim e Ribeirão Preto

1.308

7,5

915

12

 -

 -

 -

 -

Outros EDRs

2.278

13

0

0

 -

 -

 -

 -

Estado de São Paulo

17.461

100

7.653

100

490

100

529

100

Regiões cafeicultoras

Parceiro e familiares

Assalariado

Residente

%

Não
residente

%

Residente

%

Não
residente

%

Região de Franca

142

5,6

9

0,5

2.582

24

1.852

25

Região de São João da Boa Vista

561

22

691

35

3.005

27

3.399

45

Região de Bragança Paulista

800

32

502

26

700

6,4

450

5,9

Região de Avaré e Ourinhos

678

27

112

5,7

842

7,7

692

9,2

Região de Marília

148

5,9

 -

 -

1.696

15

829

11

Região de Dracena e Tupã

196

7,8

 -

 -

189

1,7

20

0,3

Região de Araraquara, Botucatu,
Campinas, Jaú, Limeira,
Mogi-Mirim e Ribeirão Preto

 -

 -

490

25

1.970

18

320

4,2

Outros EDRs

 -

 -

160

8,1

 -

 -

0

0

Estado de São Paulo

2.525

100

1.963

100

10.984

100

7.563

100

Regiões cafeicultoras

Total

Volantes

Regional

%

Dias/homens

%

Região de Franca

8.194

17

81.380

21

Região de São João da Boa Vista

13.532

28

88.413

23

Região de Bragança Paulista

5.704

12

29.170

7,4

Região de Avaré e Ourinhos

5.725

12

130.426

33

Região de Marília

4.090

8,3

14.198

3,6

Região de Dracena e Tupã

4.483

9,1

3.105

0,8

Região de Araraquara, Botucatu,
Campinas, Jaú, Limeira,
Mogi-Mirim e Ribeirão Preto

5.003

10

36.176

9,2

Outros EDRs

2.437

5

9.356

2,4

Estado de São Paulo

49.168

100

392.224

100

Fonte: CONAB/CATI/IEA.

 

Estimativas nos Cinturões Produtores

Na Alta Mogiana de Franca, principal cinturão da cafeicultura paulista, estima-se safra de 1.225 mil sacas de 60 kg colhidas, em 50,6 mil hectares de lavouras em produção. Esse montante representa 32% do total a ser colhido no estado. A produtividade média esperada alcançou as 24 sc./ha similar, portanto, a média esperada para o estado.

A área em formação exibiu crescimento frente à previsão anterior totalizando 8.391 hectares. Tal informação, somada à intenção de plantio (que também aumentou), revela o bom ânimo dos cafeicultores com relação à cultura, ainda que as cotações atuais não lhes sejam favoráveis.

No segundo maior cinturão produtivo do estado, São João da Boa Vista, estima-se colheita de 933 mil sacas, representando queda de 10,5% frente ao levantamento anterior. Tal resultado decorre, essencialmente, da diminuição na produtividade das lavouras, que nesse levantamento foi estimado em 24 sc./ha, enquanto em abril/2013 essa produtividade média alcançava as 27 sc./ha. A queda não foi ainda maior em razão do ligeiro incremento na área produtiva, devido à entrada em produção dos talhões implantados em 2011 (Tabela 3).

 

Tabela 3 – Estimativas da Safra Cafeeira 2013, 3o Levantamento, Por Região, Estado de São Paulo, Agosto de 2013

Regiões cafeeiras

 

Área em produção

 

Produção

 

Produtividade
(sc. 60 kg/ha)

 

ha

%

 

(sc. de 60 kg)

%

 

Alta Mogiana de Franca

       50.593

  31,8

             1.225.339

  31,9

               24,2

Montanhas da Mantiqueira de
São João da Boa Vista

       38.255

 24,1

                933.788

  24,3

               24,4

Montanhas da Mantiqueira de
Bragança Paulista

       10.106

   6,4

                221.208

   5,8

               21,9

Sudoeste Paulista de Ourinhos e Avaré

       16.439

  10,3

                424.532

 11,0

               25,8

Espigão de Garça/Marília

       22.785

  14,3

                582.703

  15,2

          25,6

Central Paulista

       14.778

   9,3

                371.247

 9,7

              25,1

Alta Paulista de Dracena

         3.920

   2,5

                  45.942

   1,2

               11,7

Demais regiões

         2.032

  1,3

                  40.595

   1,1

              20,0

Estado de São Paulo

 

     158.907

100,0

 

             3.845.354

100,0

 

              24,2

Fonte: CONAB/CATI/IEA.

 

 

 

A diminuição observada na produtividade pode ser atribuída às perdas decorrentes da impossibilidade de levantar os grãos que foram derrubados pelas chuvas. Tanto a tarefa se mostra pouco eficaz como, em geral, é de economicidade negativa. Ademais, as baixas cotações desmotivaram os cafeicultores que adiaram o tratamento fitossanitário exigido agronomicamente para o alcance de elevada produtividade.

No cinturão bragantino, a produção poderá alcançar as 221 mil sacas de 60 kg, ou seja, 7,8% frente à mensurada em abril/2013. Tal incremento deve-se à elevação na produtividade média de 20 sc./ha, contabilizada no levantamento anterior, para as 22 sc./ha no atual.

Recobrindo área de 16,4 mil hectares, as lavouras do cinturão do sudoeste paulista deverão colher 424 mil sacas de 60 kg. Frente ao levantamento de abril/2013, houve incremento da produção em razão da satisfatória produtividade média das lavouras, estimada em 26 sc./ha, ligeiramente acima da prevista anteriormente (8%), quando se contabilizou produtividade média de 24 sc./ha.

Nesta região foram observados fenômenos climáticos que repercutiram sobre o andamento da safra corrente. Ainda em 2012, houve prolongada estiagem, induzindo apenas duas floradas nesse cinturão, quando normalmente são de três a quatro. Tal fato poderia contribuir na melhoria da qualidade, o que não se confirmou em razão do excesso de precipitações entre maio e junho, pois os cafeicultores não puderam iniciar a colheita. Quando cessaram as chuvas, muitos grãos já haviam passado o auge da maturação com parcela significativa deles já ao chão. Assim, verifica-se ampliação do volume na produção, porém de qualidade inferior (riada e rio) que, associada aos baixos preços praticados pelo mercado, induzirá diminuição da tecnologia empregada nas lavouras.

Somada à situação descrita acima, a incidência de geada (em pontos isolados) e de ventos frios também deverá causar danos produtivos para a próxima safra, pois já é nítida a desfolha dos cafezais e injúria aos botões florais em fase de formação.

O espigão de Garça/Marília exibiu forte queda na quantidade colhida. Era esperada, em abril/2013, colheita de 780 mil sacas de 60 kg, declinando esse volume para as atuais 583 mil sacas, ou seja, menos 25,4%. Esse tombo na produção decorre, em parte, da queda na produtividade média estimada que das 28 sc./ha registradas no levantamento anterior, declina para os 26 sc./ha nesse levantamento.

A queda na produção responde, também, pelo incremento de áreas submetidas à poda de condução (esqueletamento) e pela substituição, de lavouras esgotadas, por novos plantios ainda sem produção. Assim, para a próxima safra, pode-se esperar retorno do patamar de produção aos níveis das 700 mil sacas.

A entrada de novos talhões em produção elevou a estimativa de produção do cinturão central. Nesse levantamento, prevê-se quantidade colhida de 371 sacas obtidas em 14,8 mil hectares de lavouras, com produtividade média de 25 sc./ha.

Nessa região foi registrada a maior queda na produtividade média (13,8%), o que, provavelmente, está relacionado com a problemática das chuvas no período da colheita, com o agravante, nesse cinturão, da severa escassez de mão de obra para o manejo e colheita da lavoura.

As áreas disponíveis em Dracena e Tupã são fortemente disputadas pela cultura da cana-de-açúcar conduzidas pelo segmento sucroalcooleiro. Esse fenômeno tem repercutido drasticamente sobre os índices de produção e produtividade das lavouras dessa região. Com 12 sc./ha de rendimento médio, o cinturão caminha para se tornar residual dentro do mosaico paulista. Ainda assim, estima-se produção de 45.942 sacas para a safra 2013/14. Dentro da amostragem, muitos cafeicultores declararam ter erradicado suas lavouras, fato esse que fez cair a área cultivada dos 5.600 hectares registrados em abril/2013 para a estimativa atual de 3.920 hectares.

As demais regiões do estado caracterizam-se por exibir baixa prevalência da cafeicultura, influenciando pouco na quantidade estadual colhida. Em agosto/2013, prevê-se que o volume colhido nessa região alcance as 41 mil sacas de 60 kg, com queda acentuada, frente ao levantamento de abril/2013.

  

______________________________________________

1Este relatório apresenta os resultados do levantamento amostral (terceira campanha, levada a campo em agosto de 2013) de previsão da safra de café arábica 2013, isto é, ano safra 2012/13, no Estado de São Paulo e principais cinturões produtores. O escopo do levantamento mensurou áreas (total e em produção); quantidade colhida; parque produtivo (plantas em produção e em formação); época de concentração da colheita; perfil da mão de obra ocupada na lavoura. A pesquisa é resultado de trabalho conduzido pela parceria entre a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e o Instituto de Economia Agrícola (IEA), os dois últimos citados pertencentes à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA).

 

Palavras-chave: estimativa de safra de café, produção de café.



Data de Publicação: 12/09/2013

Autor(es): Antônio José Torres (torres@cati.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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