Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 2,99% em maio de 2016

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas) encerrou o mês de maio de 2016 com alta de 2,99% na comparação com o mês anterior. Na decomposição dos grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou em 4,51%, enquanto o IqPR-A (produtos de origem animal) terminou o mês com baixa de -1,57% (Tabela 1).

 

 

Na tabela 1 são apresentados os resultados das variações dos índices entre a última semana de abril/2016 e as quadrissemanas de maio/2016. Nesse período, o IqPR subiu 2,72 pontos percentuais em relação ao mês anterior e, nas 4 quadrissemanas do mês de maio, as variações tiveram também comportamento crescente, passando de -0,13% na primeira semana para 2,99% na última, puxados pelas variações do IqPR-V (produtos vegetais), uma vez que o comportamento do IqPR-A (índice de origem animal) foi de variações negativas para esse período. Ressalta-se que, porém, no final do mês, a queda (de 1,57%) é de menor intensidade em relação às três primeiras quadrissemanas, indicando tendência de alta para os preços de origem animal para os próximos períodos.

Quando a cana-de-açúcar (que em maio teve alta no preço da tonelada no campo de 0,67%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) registra alta de 5,51%, 2,52 pontos percentuais acima do IqPR com cana. Isoladamente, os produtos vegetais analisados (sem a inclusão da cana) tiveram variação positiva de 13,09% (Tabela 1).

Os principais produtos do IqPR que apresentaram elevações nas cotações do mês de maio/2016 em relação a abril/2016 foram as laranjas para indústria e de mesa (35,37% e 20,96%), tomate para mesa (15,17%), amendoim (12,03%), soja (10,50%), arroz (8,53%), milho (7,76%) e leite (6,63%) (Tabela 2). O feijão está sem cotações devido à pouca oferta no território paulista nos meses de abril e maio de 2016, provocada pelas chuvas de fevereiro que atrasaram a colheita da soja e prejudicaram o cultivo do feijão da seca.

Para as laranjas, o excesso de chuvas que prejudicou as colheitas diminuiu os fluxos das entradas nas fábricas e, consequentemente, a oferta do produto para mesa durante maio. Destaca-se para indústria um reajuste de 136,94% entre maio de 2015 e 2016.

Enfatiza-se também a alta apresentada na atividade leiteira. Com a entrada do período da entressafra, que reduziu o nível de captação dos laticínios, foi repassado para os preços recebidos pelos produtores o reajuste dos custos da produção causados pelo encarecimento na alimentação do rebanho (que foi puxado pelo aumento do preço do milho e da soja).

Os produtos que apresentaram quedas de preços no mês de maio/2016 foram: banana nanica (21,21%), batata (13,81%) e carne de frango (7,50%) (Tabela 2).

Os preços da banana comportaram-se dentro dos padrões de variação sazonal. Com a intensificação do frio e a menor insolação, a formação dos cachos é retardada e reduz a oferta. Contudo, em equivalência, o consumo nessa época do ano cai, proporcionalmente, mais que a produção. Acrescenta-se o fato de que o preço de maio/2015 foi 10% menor que o de maio/2016. Conclui-se, assim, que as chuvas atípicas no período não ajudaram a melhorar a oferta da banana de imediato.

No caso da batata, o recuo nas cotações em maio é reflexo de uma oferta pouco maior que a do mês de abril. Mesmo assim, a produção ficou bem abaixo do ofertado no mesmo período do ano anterior, indicando uma variação de 200% na comparação entre maio/2016 e maio/2015.

Em resumo, no mês de maio/2016, 12 produtos apresentaram alta de preços (9 de origem vegetal e 3 de animal) e 6 apresentaram queda (4 de origem vegetal e 2 de animal) (Tabela 2).

 

ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES

No acumulado dos últimos 12 meses (maio/2015 a maio/2016), os três índices apurados (IqPR, IqPR-V e IqPR-A) registraram altas nas variações e fecharam, respectivamente, em 22,29%, 25,08% e 13,70% (Tabela 1 e figura 1). 

 

Retirado o produto cana-de-açúcar (cujo valor da tonelada no campo teve variação positiva de 12,12% na comparação com maio de 2015), os índices acumulados encerraram o último mês de 2016 com valorizações maiores: o IqPR (sem cana) vai para 33,70%, enquanto o IqPR-V (sem cana) sobe para 56,49%. Esses números mostram que, no acumulado destes 12 meses, grande parte dos produtos vegetais teve variações em seus preços bem maiores do que o da cana-de-açúcar (Tabela 1), puxadas principalmente pela batata, laranja para indústria, milho, amendoim, algodão e soja.

Na figura 1, observam-se as variações acumuladas mensalmente dos três índices (IqPR, IqPR-V e IqPR-A). De um modo geral, apresentaram praticamente o mesmo comportamento com crescimentos de junho/2015 até o mês de março/2016, que em parte é reflexo da desvalorização do real frente ao dólar; isso, por um lado, amplia o mercado interno de produtos para exportação e, por outro, encarece os custos de produção com uso de insumos importados. Fatores como aumento dos combustíveis e tarifas de energia elétrica também contribuíram para o aumento dos custos que foram repassados para os produtos. Para o mês de abril/2016, nota-se certa estabilidade no IqPR e, no mês de maio/2016, houve forte elevação puxado pelos produtos vegetais, uma vez que os produtos de origem animal (IqPR-A) registraram quedas nos últimos dois meses.

Comparando os preços entre maio/2016 e maio/2015, apenas tomate para mesa (-43,83%) apresentou queda em suas cotações. Com altas significativas, batata (199,82%), laranja para indústria (136,94%), milho (98,09%), amendoim (60,51%), ovos (36,53%), algodão (24,37%), leite cru resfriado (23,80%), soja (23,72%), laranja para mesa (16,37%), carne de frango (15,07%) e trigo (12,42%) subiram acima do Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP), calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) nos últimos 12 meses (alta de 12,19%)3. Abaixo do patamar desse indicador, que mostra os reajustes dos custos de produção, estão as variações das seguintes culturas: cana-de-açúcar (12,12%), banana nanica (10,24%), café (8,69%), arroz (5,23%), carne bovina (3,71%) e carne suína (0,66%) (Tabela 2). 

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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/05/2016 a 31/05/2016 e base = 01/04/2016 a 30/04/2016.

 

2Artigo completo com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: jun. 2016.
 

3O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) consiste em uma medida de caráter geral das variações nos preços dos insumos e serviços comprados pelos agricultores. Ele é composto por produtos de natureza industrial (como adubos, defensivos, vacinas, medicamentos, combustíveis, lubrificantes e outros), produtos de natureza agrícola (como sementes, mudas e adubos vegetais e animais), máquinas e equipamentos. 

Palavras-chave: IqPR, índice, preços agrícolas, variações, indicadores, índices, preços pagos.


Data de Publicação: 21/06/2016

Autor(es): Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor