Valor da Produção Agropecuária Paulista Regional: Resultado Final 2018

O Valor da Produção Agropecuária (VPA) visto regionalmente mostra como se comporta a economia do setor nas 40 Escritórios de Desenvolvimento Regional (EDRs), unidades regionais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA-SP). Esse conhecimento é importante para os diversos agentes econômicos na gestão de seus negócios e para os órgãos públicos - na elaboração e acompanhamento das diversas políticas de Estado.

O cálculo foi elaborado a partir de dados de produção e preços das cadeias de produção animal e vegetal de 50 produtos selecionados, levantados pelo Instituto de Economia Agrícola e pela Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (IEA/CDRS), ambos da SAA-SP. As informações de produção são obtidas de cinco levantamentos anuais por município, de previsões e estimativas de safra1. Os preços são extraídos, em quase sua totalidade, do banco de dados do IEA2. Os produtos olerícolas e frutas, exceto batata, cebola, mandioca para mesa e tomate, assim como banana, laranja e tangerina, são obtidos na Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), ponderados por variedades para cada espécie e decompostos a partir dos preços de venda do atacado3. Os preços são as médias mensais dos preços recebidos pelos produtores de janeiro a dezembro.

Da multiplicação da produção e dos preços dos 50 produtos selecionados resul-
tou o VPA paulista. Em 2018, o VPA está estimado em R$75,1 bilhões, 0,9% menor que em 2017 em termos nominais (Tabela 1). Contudo, quando deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)4, observa-se queda do VPA de 4,6%
em termos reais.

Em relação a 2017, amparadas pela força da cultura canavieira, mantiveram-se nas mesmas posições as três principais regiões que apresentaram os maiores volumes de riquezas geradas no campo em 2018. São elas as regiões abrangidas pelos EDRs de Barretos, São João da Boa Vista e Itapeva.

 

 

 

         A regional de São José do Rio Preto, que em 2017 se posicionava na quarta melhor localização entre as principais regiões produtoras, com a queda dos preços da borracha em 2018 viu sua atuação ser deslocada para a sexta posição. Dessa forma, o quarto lugar dentre as maiores regiões produtoras foi assumido pelo EDR de Itapetininga que, caracterizado enquanto uma região de maior diversidade produtiva, apresentou em suas áreas rurais uma gama de produtos que em 2018 tiveram seus preços valorizados. A uva para mesa foi o produto que mais se destacou nesse último ano em Itapetininga, seguida pela soja (em face de um aumento expressivo em seu preço e produção). Cabe salientar também que a regional de Franca galgou dez posições no ranking de VPA do estado, basicamente em função do aumento da produção de café, produto responsável por 42% do VPA da região (Tabelas 1 e 2).

Alvo de destaque para o VPA paulista, das 40 regiões analisadas, 23 têm a cana-de-   -açúcar como principal produto na geração das riquezas nas áreas rurais. Destas, 13 possuem mais de 50% da economia rural dependente do valor produzido unicamente na atividade canavieira. Representando 37,8% da riqueza gerada pela atividade agropecuária no Estado de São Paulo, a maior concentração dessa cultura está distribuída no oeste paulista.

         Segunda atividade com maior valor na produção agropecuária paulista, a pecuária bovina de corte possui a hegemonia em 5 dos 40 escritórios regionais analisados. Destes, somente Guaratinguetá e Pindamonhangaba possuem um pouco mais da metade do VPA concentrado nessa atividade econômica (Tabela 2).

         Laranja para indústria, carne de frango e banana, isoladamente, hegemonizam cada qual duas regiões analisadas como principais culturas no valor da produção agropecuária. No caso da laranja, os EDRs de Avaré e Mogi-Mirim apresentam essa atividade como predominante na riqueza e paisagem produzida em suas terras. Já a carne de frango se sobressai como principal atividade agropecuária em Bragança Paulista e Campinas. Quanto à banana, é nos EDRs de Registro e de São Paulo que essa fruta ocupa maior destaque (Tabela 2). Outros seis produtos se colocam em evidência como culturas preponderantes na ocupação do solo de regiões paulistas: soja em Itapeva, uva para mesa em Itapetininga, café em Franca, ovos em Tupã, caqui em Mogi das Cruzes e beterraba em Sorocaba (Tabela 2).

         Característica também a se salientar na distribuição do VPA no território paulista é o nível de concentração e dependência das regiões em relação às culturas agropecuárias. Nesse quesito, Registro e São Paulo com a cultura da banana, e Ribeirão Preto e Orlândia com a cana-de-açúcar, concentram mais de ¾ do valor de suas produções agropecuárias em uma única cultura. De maneira oposta, as EDRs de Sorocaba e Campinas, com a
beterraba e a carne de frango, são as mais diversificadas do Estado de São Paulo: com respectivamente 8,9% e 13,7% de participação máxima de VPA com esses produtos, elas pra-

ticamente não possuem dependência e especialização produtiva em suas áreas. Constituidoras do Cinturão Verde que margeia a megalópole centralizada pela cidade de São Paulo, essas regiões policulturas se caracterizam pela diversidade e distribuição da renda concebida no campo predominantemente em minifúndios.

A figura 1 ilustra a posição geográfica dos produtos, propiciando uma visão ampla de localização e predominância das diversas cadeias da agropecuária paulista; permite visualizar como a cultura da cana-de-açúcar se distribui por todo estado, ocupando uma área expressiva, exceto nos EDRs de Bragança Paulista, Campinas, Guaratinguetá, Itapeva, Mogi das Cruzes, Sorocaba, Pindamonhangaba, Registro e São Paulo. Esses EDRs apresentam características peculiares e benfazejas, na maior parte deles não havendo predominância de nenhum produto. Destaca-se também que nesses EDRs a participação do VPA no agrupamento definido como “demais produtos” (Tabela 2) é superior a 20%. Conclui-se, dessa forma, que a riqueza nessas regiões é proveniente de uma gama maior de produtos, o que demostra uma economia mais diversificada, exceto nos EDRs de Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Registro e São Paulo.

1CAMARGO, F. P. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2018/19, fevereiro de 2019. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 14, n. 4, p. 1-10, abr. 2019. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14597. Acesso em: abr. 2019.

 

2INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados: preços médios mensais recebidos pelos agricultores. São Paulo: IEA, 2019. Disponível em: http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/precos_medios.aspx?cod_sis=2. Acesso em: abr. 2019

 

3COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO - CEAGESP. Banco de dados. São Paulo: CEAGESP, 2018. Disponível em: http://www.ceagesp.gov.br. Acesso em: abr. 2019.

 

4INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Índices nacionais de preços ao consumidor amplo - IPCA. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html?=&t=series-historicas. Acesso em: abr. 2019.

 

 

Palavras-chave: valor da produção agrícola, renda, preço, produção regional.


Data de Publicação: 10/05/2019

Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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