Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro de 2021


 

1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

No mês de janeiro de 2021, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$2,89 bilhões (19,5% do total nacional) e as importações2, US$4,43 bilhões (27,8% do total nacional), registrando deficit comercial de US$1,54 bilhão (Figura 1). Em relação
ao mesmo período de 2020, houve queda nas exportações (-4,3%) e nas importações
(-12,5%); essa conjunção de desempenhos resultou na redução do deficit (-24,5%) no saldo da balança comercial paulista no primeiro mês de 2021.



 

O principal motivo desse resultado negativo ainda é resultante da pandemia da covid-19, que vem afetando as exportações de algumas das principais mercadorias das indústrias paulistas extrativista e de transformação, como os óleos brutos de petróleo, aviões peso superior 15 toneladas, automóveis, querosenes de aviação, gasolina e óleo combustível, entre outros.

 

1.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio, o resultado do mês de janeiro de 2021, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o agronegócio3 paulista apresentou aumento nas exportações (+3,8%), alcançando US$1,08 bilhão, e queda nas importações (-11,6%), totalizando US$0,38 bilhão; com esses resultados, obteve-se superavit de US$0,70 bilhão, +14,8% superior ao mesmo período de 2020 (Figura 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do Estado é de 37,4%, enquanto a participação das importações setoriais é de 8,6% (Figura 1).

Há que se destacar que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$1,81 bilhão e as importações, US$4,05 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$2,24 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$0,70 bilhão).

 

1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, em janeiro de 2021, foram: complexo sucroalcooleiro (US$406,76 milhões sendo que desse total o açúcar representou 88,2% e o álcool, 11,8%), do setor de carnes (US$142,37 milhões, dos quais a carne bovina respondeu por 88,4%), seguido do grupo dos sucos (US$137,31 milhões, dos quais 98,5% referentes a sucos de laranja), dos produtos florestais (US$121,89 milhões, com participações de 51,4% de papel e de 34,5% de celulose) e do café (US$59,15 milhões, dos quais 75,1% referentes ao café verde). Esses cinco agregados representaram 80,0% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1).

Ainda de acordo com a tabela 1, no mês de janeiro de 2021, em comparação com janeiro de 2020, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos do complexo sucroalcooleiro (+32,4%), sucos (+23,4%) e café (+50,3%), e quedas para carnes (-12,9%), produtos florestais (-24,7%) e complexo soja (-92,4%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.


 

1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista no mês de janeiro de 2021 em comparação com janeiro de 2020 são apresentados na tabela 2.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (37,5%) nas exportações paulistas. No total, o grupo cresceu 32,4% em valores e 28,3% em volumes exportados, devido ao desempenho das vendas externas do açúcar (35,9% em valores e 28,3% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram aumentos de 27,9% em volume e de 11,3% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2020.

 

O grupo de carnes tem a segunda posição na pauta do estado, apresentando quedas em valores (-12,9%) e em volume (-12,7%), em relação a janeiro de 2020. A carne bovina com maior contribuição no grupo registrou diminuição de -7,7% em valores, com aumento, porém, de 2,6% em volume exportado. O desempenho da carne de frango foi de retração em valores (-40,7%) e em volumes (-36,8%). A carne suína também apresentou resultados negativos, -5,2% em valores e -4,6% na quantidade embarcada.

Os produtos florestais aparecem na terceira posição com menor desempenho em janeiro de 2021, com queda de -24,7% em valores em relação ao ano anterior. O produto papel, principal item do grupo na pauta paulista, obteve variação negativa quanto aos valores (-20,0%) e ao volume (-7,0%). As exportações dos produtos de celulose apresentaram quedas nos valores (-41,6%) e nos embarques (-28,0%).

O suco de laranja (FCOJ concentrado) exibiu aumentos de 6,0% no valor e de 23,8% em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas cresceram em valores (1,8%) e em volume (13,2%). Bom desempenho obteve os outros sucos de laranja não fermentados com aumentos de 82,6% em valores e 84,0% em volumes.  A variação total das exportações do grupo de sucos foi de 23,4% em valores e 23,2% em volume na comparação com o mês de janeiro de 2020.

Para o grupo do café, os resultados apontaram aumentos de 50,0% nos valores e de 74,0% no volume paulista das exportações. O principal produto desse grupo é o café verde, que apresentou aumento de 81,2% em valores e de 92,8% em quantidades exportadas pelo estado; o café solúvel exibiu crescimento de 0,5% em valores e de 6,9% em volume comercializado.

O grupo composto pelo complexo soja apresentou no mês de janeiro de 2021 desempenho negativo, com queda nos embarques (-92,8%) e em valores (-92,4%). A soja em grão, principal produto do grupo, apresentou variações expressivas de valores e volumes (-99,2% em ambas), quando comparados com o mesmo mês em 2020. Essa queda pode ser creditada a indisponibilidade do produto ocasionada pelo atraso do início do plantio por conta do clima (falta de chuvas) nos meses de setembro e outubro de 2020.

 

2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou deficit de US$1,12 bilhão no mês de janeiro de 2021, com exportações de US$14,81 bilhões e importações de US$15,93 bilhões. Esse resultado indica redução de -33,7% no deficit comercial em relação ao mesmo pe-
ríodo de 2020, devido ao incremento das exportações (2,2%) em relação às importações
(-1,5%) (Figura 2).

 

 

2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro no primeiro mês de 2021 (Figura 2) apresentaram queda (-1,4%) em relação a janeiro de 2020, alcançando US$5,67 bilhões (38,3% do total nacional). Já as importações aumentaram 6,6% no período, registrando US$1,30 bilhão (8,2% do total nacional).

superavit do agronegócio foi de US$4,37 bilhões no período, sendo -3,5% inferior na comparação entre janeiro de 2021 e 2020 (Figura 2).

A participação das exportações do agronegócio no total nacional recuou 1,4 ponto percentual e a das importações aumentou 0,7 p.p. no período analisado (Figura 2). Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$9,14 bilhões e importações de US$14,63 bilhões, produziram um deficit de US$5,49 bilhões no mês de janeiro de 2021.

 

2.2 – Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro no mês de janeiro de 2021 foram: carnes (US$1,15 bilhão, com as carnes bovina, de frango e suína representando desse total, respectivamente, 47,7%, 36,9% e 12,7%), produtos florestais (US$824,20 milhões, com participações de 48,9% de celulose e de 35,7% de madeira), complexo sucroalcooleiro (US$717,41 milhões, dos quais 87,1% de açúcar), grupo de cereais, farinhas e preparações (US$622,16 milhões, sendo 80,3% de milho em grão, 14,2% de trigo e 1,5% de arroz) e grupo de café (US$509,54 milhões, sendo o café verde com participação de 91,9%). Esses cinco grupos agregados representaram 67,5% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 3).

 

 

Ainda conforme a tabela 3, na comparação com o mês de janeiro de 2020, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque para os grupos de complexo sucroalcooleiro (+39,3%), cereais, farinhas e preparações (+46,3%), café (+26,7%), carnes (-14,0%), produtos florestais (-10,5 %) e complexo soja (-44,6%), Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

 

2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 4 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações no mês de janeiro de 2021 em comparação com o mesmo mês de 2020.

Desses grupos relevantes, o grupo de carnes, que teve a maior participação (20,3%) nas exportações brasileiras, apresentou quedas de -14,0% em valores e de -9,0% em volume em relação ao mês de janeiro de 2020. A carne bovina contribuiu nesse resultado com recuos de -11,3% em valores e de -6,6% em volume exportados. Com resultados negativos também estão a carne suína (-11,0% e -8,4%, respectivamente) e a de frango
(-18,8% e -10,8%, respectivamente). Nesse grupo, a China se destacou como principal destino e representa 39,4% das compras de carnes, provocados pela maior demanda de proteína animal, sofrendo ainda com a redução do plantel de suínos. Na sequência aparecem Hong Kong (9,1%), Arábia Saudita (6,1%), Japão (5,2%) e União Europeia (4,9%); os demais países somam 35,4% de participação.

O grupo produtos florestais aparece na segunda posição na pauta brasileira, apresentou variação negativa tanto em valores como em volume exportado (-10,5% e
-2,6%, respectivamente). Com exceção do valor e do volume da madeira (respectivamente, 24,6% e 24,9%), todos os subgrupos de produtos apresentaram variações negativas nas exportações no mês de janeiro de 2021, quando confrontados com janeiro de 2020. Os principais países importadores desse grupo em valores são Estados Unidos (23,2%), China (21,2%) e União Europeia (21,2%); os demais importadores somam 34,4% de participação.

Para o grupo sucroalcooleiro, os resultados de janeiro de 2021 foram positivos, com crescimento expressivo em valores e quantidades embarcadas (39,3% e 35,9%, respectivamente). O açúcar puxou o desempenho do grupo, apresentando aumentos para valores (32,8%) e volumes (31,2%) no período analisado. Embora com menor participação no grupo, o álcool etílico exibiu aumentos de 110,9% para valores e de 155,7% para quantidades embarcadas em comparação com janeiro de 2020. O destino das exportações desse grupo é bem diversificado, apresentando como principais compradores: Indonésia (16,4%), Bangladesh (11,0%), Nigéria (6,2%), Argélia (5,7%), China e Arábia Saudita (5,2%), e Estados Unidos (5,1%); os demais países somam 45,2% de participação.

 

 

 

 

O grupo de cereais, farinhas e preparações apresenta desempenho positivo em valores (46,3%%) e em quantidades (27,9%). O milho em grão, principal item do grupo, registrou maior exportação em volume (42,5%) e em valores (22,1%). O trigo apresentou resultados positivos bastante expressivos em termos de variação, com aumento em valores (293,5%) e em quantidade (245,5%). Os principais países compradores desse grupo são Egito (19,1%), Vietnã (12,8%), Taiwan (11,1%) e Coreia do Sul (10,4%); os demais importadores somam 46,6% de participação.

O grupo do café apresenta ganho em valores (26,7%) e em quantidade (34,5%), sendo o café verde o principal produto, com variações de 30,2% em valores e de 35,8% em quantidades exportadas pelo país. Quanto às participações dos países destinos das exportações em valores, a União Europeia representa 44,1% desse grupo, Estados Unidos (21,4%), Japão (7,1%), Turquia (2,8%), Rússia (2,7%) e Reino Unido (2,3%); os demais países importadores somam 19,6% de participação.

O grupo complexo soja obteve resultados negativos de -44,6% em valores e de
-55,5% em volumes exportados em janeiro de 2021. A soja em grão, principal produto do grupo, exibiu quedas de -95,4% e de -96,5% em valores e quantidades exportadas, respectivamente. A União Europeia representou 41,6% das compras em valores desse grupo, seguida por Indonésia (21,3%) e Tailândia (19,2%); os demais países importadores somam 17,9%.

A China, principal país importador desse grupo nos últimos, aparece com apenas 1,5% de participação em janeiro de 2021, e a retomada das importações pelo país se dará nos próximos meses quando da época da colheita da soja. A figura 3 mostra o comportamento mensal do volume exportado pelo Brasil da soja em grão nos anos de 2019 a 2021, na qual se observam os maiores embarques nos meses de março a julho, o que coincide com o período da colheita e de transporte do grão para os portos. Nos demais meses os volumes embarcados diminuem, acompanhando o período da entressafra brasileira da cultura da soja.

 

 

3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou quedas de 1,3 ponto percentual nas exportações e de 3,5 p.p. nas importações em janeiro de 2021, apontando valores de 19,5% nas exportações e de 27,8% de representatividade para as importações (Figura 4).


Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo no mês de janeiro de 2021 representaram 19,0% em relação ao agronegócio brasileiro, valor 0,9 ponto percentual superior ao registrado no mesmo período de 2020; já as importações tiveram queda (6,0 p.p.), passando de 35,2% para 29,2% (Figura 3).

 

 

1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção “Tabela de Agrupamentos” de MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2020. Disponível em:  http://indi
cadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm. Acesso em: fev. 2021.

 

 

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.

 

 

 

 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

ANGELO, J. A.; OLIVEIRA, M. D. M.; GHOBRIL, C. N. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro de 2021. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 2, fev. 2021, p. 1-12. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 26/02/2021

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor