Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Julho de 2022


 

1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Nos primeiros sete meses de 2022, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$38,20 bilhões (19,7% do total nacional) e as importações2, US$45,57 bilhões (29,5% do total nacional), registrando deficit comercial de US$7,37 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2021, houve aumento nas exportações (+28,1%) e nas importações (+19,1%); essa conjunção de desempenhos resultou na redução do deficit (-12,6%) no saldo da balança comercial paulista.


1.1 – Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio3, o resultado dos primeiros sete meses de 2022, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o setor paulista apresentou aumento nas exportações (+29,5%), alcançando US$14,21 bilhões, e nas importações (+11,9%), totalizando US$2,92 bilhões; com esses resultados, obteve-se superavit de US$11,29 bilhões, 35,0% superior ao período de janeiro a julho de 2021 (Figura 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 37,2%, enquanto a participação das importações setoriais é de 6,4% (Figura 1).

Há que se destacar que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$23,99 bilhões, e as importações, US$42,65 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$18,66 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$11,29 bilhões).


1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, nos primeiros sete meses de 2022, foram: complexo sucroalcooleiro (US$3,78 bilhões sendo que, desse total, o açúcar representou 85,8% e o álcool 14,2%), seguido de grupo complexo soja (US$2,82 bilhões, tendo a soja em grão 87,2% de representatividade), setor de carnes (US$2,27 bilhões, dos quais a carne bovina respondeu por 86,8%), produtos florestais (US$1,54 bilhão, com participações de 46,3% de celulose e 43,3% de papel) e sucos (US$975,89 milhões, dos quais 97,1% referentes a suco de laranja). Esses cinco agregados representaram 80,2% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Já o grupo de café, tradicional nas exportações paulistas, aparece na sexta colocação com vendas de US$630,32 milhões (73,6% referentes ao café verde).

Ainda de acordo com a tabela 1, nos primeiros sete meses de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos de produtos florestais (+71,8%), carnes (+62,6%), café (59,0%), complexo soja (+49,3%), sucos (+7,1%) e complexo sucroalcooleiro (+3,0%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.



 

 

1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista de janeiro a julho de 2022 em comparação ao mesmo período do ano anterior são apresentados na tabela 2.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (26,6%) nas exportações paulistas. No total, o grupo cresceu 3,0% em valores, mas apresentou queda de 16,3% em volumes exportados, sendo que o açúcar apresentou aumento em valores (+2,0%) e queda nas quantidades (-15,6%). Para o álcool (etanol), os embarques apresentaram quedas de 25,1% em volume e crescimento de 9.1% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2021. Os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países, e os resultados apontam como principais compradores: China (12,8%), Argélia (7,9%), Marrocos (7,9%), Nigéria (7,2%), União Europeia (6,3%), Coreia do Sul (5,6%) e demais países (52,3%).

O grupo complexo soja aparece na segunda posição da pauta paulista, com aumento de 49,3% nos valores e de 7,9% no volume das exportações. O principal produto desse grupo é a soja em grãos, que apresentou aumento de 45,2% em valores e de 4,5% em quantidades exportadas pelo estado. A China (68,8%) é o principal destino em termos de participação de valores, seguida de Tailândia (4,6%), Irã (4,3%), Paquistão (3,2%) e Índia (2,9%); os demais importadores somam 16,2%.

O grupo de carnes tem a terceira posição na pauta do estado, apresentando ganhos em valores (+62,6%) e volumes (+29,7%) em relação aos primeiros sete meses de 2021. A carne bovina, com maior contribuição no grupo, registrou aumentos de 63,1% em valores e de 29,6% em volume exportado. O desempenho da carne de frango foi de expansão em valores (+67,0%) e em volumes (+31,3%). A carne suína apresentou resultados negativos em valores (-26,3%) e volumes (-40,8%). Os principais destinos em participação são: China (59,7%), Estados Unidos (11,1%), União Europeia (5,6%) e Hong Kong (2,7%), enquanto os demais países compradores somam 20,9% de participação.

Os produtos florestais apresentam ganhos em 2022, com aumentos de 71,8% em valores e de 89,4% na quantidade em relação ao ano anterior. Os produtos de celulose obtiveram variação positiva quanto aos valores (+131,2%) e volumes (+160,2%), passando a ser o principal item do grupo. As exportações dos produtos de papel apresentaram elevação nos valores (+46,6%) e nos embarques (+18,8%). O principal destino em participação de valores exportados é a China (28,8%), seguida por União Europeia (13,7%), Estados Unidos (10,2%), Argentina (7,4%), Chile (6,6%) e Peru (5,9%). Os outros países somam 27,4% de participação.



O suco de laranja (FCOJ concentrado) exibiu aumento de 1,7% no valor e queda de 9,8% em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas cresceram em valores (+18,2%) e em volume (+7,3%). A variação total das exportações do grupo de sucos foi positiva de 7,1% em valores e de 0,5% em volume na comparação com 2021.Os maiores compradores desse grupo são União Europeia (60,9%), Estados Unidos (22,0%), China (5,0%) e Japão (3,5%), enquanto os demais compradores têm 8,6% de participação.

O grupo do café apresentou nos primeiros sete meses de 2022 desempenho positivo em valores (+59,0%) e redução nos embarques (-3,0%), quando comparado com igual período de 2021. O café verde, principal item do grupo, apresentou aumento de 57,6% nas receitas e redução de 7,8% no volume, o que evidencia a valorização do produto no mercado internacional. A União Europeia é o principal destino e suas compras representam 43,2% do valor exportado. Na sequência aparecem Estados Unidos (21,2%), Japão (7,2%), Argentina (5,2%) e Canadá (3,9%); os demais países participam com 19,3%.


1.4 - Importações do Agronegócio Paulista

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio paulista nos sete primeiros meses de 2022 foram: trigo (US$245,15 milhões), salmões (US$223,68 milhões), papel (US$214,81 milhões) e óleos de palma e dendê (US$188,85 milhões). A figura 2 apresenta os dez principais produtos que representam 48,8% (US$1,42 bilhão) do total importado no total de janeiro a julho de 2022 (US$2,92 bilhões).

2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou superavit de US$39,89 bilhões nos primeiros sete meses de 2022, com exportações de US$194,25 bilhões e importações de US$154,36 bilhões. Esse resultado indica redução de 10,1% no superavit em relação ao mesmo período de 2021, quando alcançou US$44,38 bilhões (Figura 3).

2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro de janeiro a julho de 2022 (Figura 3) apresentaram aumento (28,9%) em relação a igual período de 2021, alcançando US$93,51 bilhões (48,1% do total nacional). Já as importações aumentaram 9,8% no período, registrando US$9,60 bilhões (6,2% do total nacional).

O superavit do agronegócio foi de US$83,91 bilhões no período, sendo 31,5% superior na comparação entre os sete primeiros meses de 2022 e 2021 (Figura 3).

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, exclusive o agronegócio, com exportações de US$100,74 bilhões e importações de US$144,76 bilhões, produziram um deficit de US$43,97 bilhões em 2022.

 

2.2 - Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro nos primeiros sete meses de 2022 foram: complexo soja (US$43,78 bilhões, dos quais 80,4% de participação da soja em grão e 14,1% de farelo), grupo de carnes (US$14,60 bilhões, com as carnes bovina, de frango e suína representando desse total, respectivamente, 50,7%, 37,6% e 9,0%), produtos florestais (US$9,66 bilhões, participações de 46,8% de celulose e 36,4% de madeira), grupo complexo sucroalcooleiro (US$5,61 bilhão, dos quais 87,5% de açúcar) e grupo de café (US$5,30 bilhões, sendo 92,2% de café verde). Esses cinco grupos agregados representaram 84,4% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 3).



Ainda conforme a tabela 3, na comparação com os sete primeiros meses de 2021, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque para os grupos de café (57,8%), carnes (31,9%), complexo soja (+28,6%), produtos florestais (25,6%) e complexo sucroalcooleiro (+0,3%). Essas variações nas receitas do comércio exterior no período analisado são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.


2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 4 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações nos meses de janeiro a julho de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021.

Desses grupos relevantes, o grupo complexo soja é o que apresenta a maior participação (46,8%) nas exportações brasileiras. No total, o grupo cresceu 28,6% em valores e teve redução de 3,6% em volumes exportados, devido ao desempenho das vendas externas da soja em grão (principal item do grupo) com aumento de 22,9% em valores e queda de 8,6% em volume, resultado que mostra a valorização do preço dessa commodity. Para o óleo de soja, os embarques apresentaram aumentos de 135,5% em valores e 67,7% em volume, enquanto o farelo de soja teve aumentos de 40,7% em valores e de 22,4% em volume, quando comparados com 2021. A China representa 54,1% das compras em valores desse grupo, seguida por União Europeia (14,3%), Tailândia (4,5%), Índia (3,2%) e Irã (2,5%), enquanto os demais países importadores somam 21,4%.

O grupo de carnes, que tem a segunda posição na pauta brasileira, apresentou avanço de 31,9% em valores e 6,7% em volume em relação a 2021. A carne bovina teve crescimento de 45,7% em valores e de 17,7% em volume exportado. Com resultado também positivo mostrou-se a carne de frango (+33,3% e +5,8%), enquanto a carne suína teve redução de valores da ordem de 16,5% e de 9,2% nas quantidades embarcadas. Nesse grupo, a China se destacou como principal destino e representa 39,1% das compras de carnes; na sequência aparecem Emirados Árabes Unidos (5,2%), União Europeia (5,1%), Estados Unidos (4,3%), Arábia Saudita (4,3%) e Japão (4,1%), enquanto os demais países somam 37,9% de participação.

O grupo de produtos florestais aparece na terceira posição na pauta brasileira, apresentando variação positiva tanto em valores (+25,6%) como em volume exportado (+11,4%). As variações de valores e volume, respectivamente, foram de 20,8% e 15,7% para a celulose, de 19,0% e -0,4% para a madeira, de 63,3%, 39,5% para o papel e de 68,6% e 10,1% para a borracha. Os principais países importadores desse grupo são Estados Unidos (25,7%), União Europeia (20,2%), China (19,8%), Argélia (4,4%) e México (3,0%); os demais países participam com 26,9%.

 

Para o grupo sucroalcooleiro, nos sete primeiros meses de 2022, os resultados apresentaram-se positivos em valores (+0,3%) e negativo nas quantidades embarcadas (-17,7%). O açúcar teve reduções para valores (-1,4%) e no volume (-17,5%) no período analisado na comparação com igual período do ano anterior. Para o álcool etílico (etanol), os resultados são de aumento em valores (13,6%) e queda na quantidade embarcada (-21,0%). Assim como no estado de São Paulo, os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países. Os resultados apontam a sequência composta por China (11,0%), União Europeia (8,2%), Argélia (7,8%), Nigéria (7,0%), Marrocos (6,5%), Coréia do Sul (4,4%), Canadá (4,2%), Bangladesh (4,2%) e Rússia (4,0%); os demais países importadores somam 42,7% de participação.

O grupo do café apresenta ganho em valores (+57,8%) e perda em quantidade
(-9,8%), sendo o café verde o principal produto com aumento de 59,6% em valores e queda de 10,6% em quantidades exportadas pelo país.
Quanto às participações dos países destinos das exportações em valores, a União Europeia representa 49,9% desse grupo, seguido de Estados Unidos (20,6%), Japão (4,3%), Turquia (2,5%), Colômbia (2,4%) e Coreia do Sul (2,4%). Os demais países somam 17,9% de participação.

O grupo de cereais, farinhas e preparações apresenta desempenho bastante positivo em valores (+155,2%) e em quantidades (+102,1%). O milho em grão, principal item do grupo, registrou maior exportação em volume (+84,7%) e em valores (159,0%). O arroz em grão apresentou resultados positivos em termos de variação com aumento em valores (+41,6%) e em quantidade (+68,4%), mesmo comportamento para os produtos de trigo, com expressivos aumentos de 524,0% em valores e 337,6% em volumes.

 

2.4 - Importações do Agronegócio Brasileiro

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio brasileiro de janeiro a julho de 2022 foram: trigo (US$1,23 bilhão, correspondente a 3,7 milhões de toneladas), papel (US$477,84 milhões), óleo de dendê e palma (US$467,34 milhões), salmões (US$437,91 milhões) e malte (US$402,86 milhões). A figura 4 apresenta os dez principais produtos, que juntos representam 47,8% (US$4,59 bilhões) do total importado (US$9,60 bilhões).


 

3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou aumento de 1,3 p.p. nas exportações e redução de 3,1 pontos percentuais nas importações nos sete primeiros meses de 2022 na comparação com igual período do ano anterior, apontando valores de 19,7% nas exportações e de 29,5% de representatividade para as importações (Figura 5).

Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo no período representaram 15,2% em relação ao agronegócio brasileiro, valor 0,1 ponto percentual maior que o registrado no mesmo período de 2021; já as importações tiveram aumento (0,5 p.p.), passando de 29,9% para 30,4% (Figura 5).

A participação do agronegócio paulista no agronegócio nacional nos primeiros sete meses de 2022 se destacou nos seguintes grupos, cuja participação paulista ultrapassa 50% do total nacional: sucos (85,6%), produtos alimentícios diversos (70,3%), complexo sucroalcooleiro (67,3%), plantas vivas e produtos de floricultura (65,9%), animais vivos (61,9%) e demais produtos de origem vegetal (58,2%) (Tabela 5).

O principal grupo de produtos do estado de São Paulo, complexo sucroalcooleiro, teve participação reduzida em 0,2 ponto percentual, passando de 66,2% em 2021 para 66,0% em 2022 (Tabela 5).


1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção Tabela de Agrupamentos em MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2022.  Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/AGROSTAT.html. Acesso em: ago. 2022.

 

 

 

 

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

GHOBRIL, C. N.; ANGELO, J. A.; OLIVEIRA, M. D. M. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Julho de 2022. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 17, n. 8, p. 1-14, ago. 2022. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 29/08/2022

Autor(es): Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor