Indústria rural paulista: valor da produção cresceu 30,9% em 2004

            A dimensão e a importância da indústria rural no Estado de São Paulo, quanto à geração de renda e de emprego, foi avaliada, em 2005, pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), com base no 4º levantamento de dados relativos às atividades de beneficiamento agrícola realizadas nas propriedades paulistas no ano anterior.
            A pesquisa sobre a indústria rural paulista1 foi, a exemplo das anteriores, incluída no levantamento de previsão e estimativas de safras de junho de 2005, efetuado pelo IEA e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).
            Cinco questões básicas foram propostas aos produtores ou responsáveis pelos imóveis rurais: valor anual da produção comercializada com base em matéria-prima agrícola (referente à 2004); percentual da matéria-prima na atividade de beneficiamento, produzido na própria Unidade de Produção Agropecuária (UPA); percentual da renda total da UPA obtido com as atividades da indústria rural; destino do produto processado na UPA e ocupação e emprego na indústria rural.
            Como resultado, foram contabilizadas 4.375 UPAs que desenvolviam atividades industriais em 2004, responsáveis pelo valor da produção de R$ 266.461.115,66. As atividades de leite pasteurizado e torrefação e moagem de café foram as que mais contribuíram para esse total, com percentuais de aproximadamente 39% e 26%, respectivamente.
            Dentre as demais atividades, destacaram-se o processamento de frutas e sucos (6,1%), a produção de queijos, iogurte, manteiga, creme e doce de leite (3,3%) e o processamento de madeira (3,1%). O item 'outros', que inclui packing-house, atingiu percentual elevado (18,7%). O crescimento do valor da produção foi de 30,9%, em valores correntes, comparado com 2003 (tabela 1).

Tabela 1- Valor anual da produção da indústria rural, por atividade, Estado de São Paulo, 2003 e 2004

Atividade
2003
2004
R$/ano
%
R$/ano
%
Doces, comp., gel., cons., pães, roscas, bol. 
3.940.161,70
1,9
4.345.730,66 
1,6
Queijos, iogurte, mant., creme e doce de leite
7.472.860,00
3,7
8.832.800,00 
3,3
Mel
27500,00
0,0
120.829,50 
0,05
Pescado
108.000,00 
0,1
108.000,00 
0,0
Process. Hortaliças
1.375.000,00 
0,7
1.375.000,00 
0,5
Process. Frutas, sucos
16.245.000,00 
8,0
16.245.000,00 
6,1
Farinhas e polvilho
300.450,00 
0,1
300.450,00 
0,1
Torrefação e moagem de café 
47.816.905,62 
23,5
102.908.815,50 
38,6
Aguardente
1.750.000,00 
0,9
2.705.750,00 
1,0
Leite Pasteurizado
76.137.800,00 
37,4
70.001.800,00 
26,3
Processamento de madeira 
8.006.600,00 
3,9
8.127.440,00 
3,1
Processamento de cereais
82.200,00 
0,04
52.200,00 
0,02
Fumo
1.050.000,00 
0,5
1.386.000,00 
0,5
Outros (inclusive Packing- house)
39.316.500,00 
19,3
49.951.300,00 
18,7
Total
203.628.977,32 
100,0
266.461.115,66 
100,0
Fonte: IEA/CATI

            O percentual da renda total nas UPAs, obtido com a atividade industrial, concentrou-se na faixa de 80,1% a 100%; ou seja, 1.096 UPAS obtêm entre 80,1% e 100% de sua renda anual com a indústria rural. Pode se inferir, portanto, que cerca de um terço do total das UPAs pesquisadas dependeram, em 2004, quase que exclusivamente da renda gerada pela indústria rural para sua manutenção. As demais distribuíram-se nas faixas de até 20%, com 760 UPAs, e de 60,1% a 80%, com 665 UPAs (tabela 2).

Tabela 2 - Número de UPAs de acordo com percentual da renda total obtida com a indústria rural, 2003 e 2004

Limites (%)
2003
2004
Número
%
Número
%
80,1-100
666
26,4
1.096
36,5
60,1-80
697
27,6
665
22,2
20,1-60
816
32,3
480
16,0
até 20
346
13,7
760
25,3
Total
2.525
100,0
3.001
100,0
Fonte: IEA/CATI

            Com relação ao percentual da matéria-prima produzida na própria UPA e utilizada na atividade de beneficiamento, 2.347 (68%) utilizaram de 90,1% a 100% da sua própria matéria-prima na indústria rural (tabela 3).

Tabela 3 - Número de UPAS, de acordo com percentual da matéria-prima produzida na UPA utilizada na atividade de beneficiamento, 2003 a 2004

Limites (%)
2003
2004
Número
Percentual
Número
Percentual
90,1-100 2.593 
63,0
2.347 
67,7
20,1-90 921 
22,4
1.119 
32,3
até 20 602 
14,6
-
Total 4.116 
100,0
3.466 
100,0
Fonte: IEA/CATI

            Quanto ao destino da produção da indústria rural, 35,5% das UPAs realizaram vendas diretas, comercializando suas produções na própria propriedade. Já 26,7% comercializaram o produto processado junto a atacadistas, enquanto 20,8% nos supermercados e mercearias dos centros urbanos mais próximos. A venda para outra indústria foi bem menos expressiva, sendo informada por apenas 3,2% do total de UPAs. A venda para associações ganhou importância em 2004, totalizando 23,8% das UPAs (tabela 4).

Tabela 4 - Número de UPAs segundo o destino da produção da indústria rural, 2003 e 20041

Limites
Venda na UPA
Atacadista
Outra Indústria
Supermercado 
e Mercearia
Cooperativa
Associação
2003
2004
2003
2004
2003
2004
2003
2004
2003
2004
2003
2004
0-5
70
232
1
1
-
-
-
-
-
-
-
-
5,1-10
-
332
-
-
47
-
-
2
-
-
-
-
10,1-15
-
-
-
2
-
2
-
0
-
-
-
-
15,1-20
-
-
62
-
63
53
62
52
-
-
-
-
20,1-30
-
426
63
52
-
-
-
-
-
-
-
-
30,1-50
480
-
389
45
-
44
428
88
-
87
87
87
50,1-80
-
2
-
-
-
-
434
-
-
-
-
374
80,1-100
134
563
1048
1069
35
41
642
767
-
-
580
580
Total
684
1.555
1.563
1169
145
140
1.566
909
-
87
667
1041
P. Percentual
17,3
35,5
39,5
26,7
3,7
3,2
39,6
20,8
-
2,0
16,9
23,8
¹ A mesma UPA pode ter informado mais de um destino
Fonte: IEA/CATI

            A produção industrial rural paulista ocupou cerca de 23.500 pessoas em 2004, uma média de 5,37 pessoas por UPA. Desse total, 54,0% residem na UPA. Dos trabalhadores residentes nas UPAs, 66,3% são proprietários (incluindo familiares e agregados) e 31,5% são empregados permanentes. A categoria de parceiros é menos representativa, aparecendo com 2,2%, enquanto a dos empregados temporários não apresentou registro. Ao se avaliar o total de dias trabalhados no ano para as diferentes categorias de trabalho, a maior média ocorreu para os empregados permanentes (302 dias), seguidos de proprietários (274 dias) e de parceiros (247 dias) (tabela 5).

Tabela 5 - População ocupada na indústria rural, por categoria, 2003 e 2004

Categoria
2003
2004
2003
2004
2003
2004
Residente na UPA
Número
%
Número
%
Dias Trabalhados
Dias-homem
%
Dias-homem
%
Proprietário, familiares e agregados 6.081 
62,5
8.424 
66,3
316
274
1.921.596 
61,8
2.308.176   .
Parceiro, sócio, familiares e agregados 757 
7,8
273 
2,2
365
247
276.305 
8,9
67.431 
1,9
Empregados Permanentes 2.897 
29,8
4.000 
31,5
315
302
912.555 
29,3
1.208.000 
33,7
Empregados Temporários
-
-
-
Sub-Total 9.735 
100,0
12.697 
100,0
-
-
3.110.456 
100,0
3.583.607 
100,0
Não residente na UPA
Número
%
Número
%
.
Dias-homem
%
Dias-homem
%
Proprietário, familiares e agregados 2.742 
32,9
3.328 
30,8
303
288
830.826 
34,1
958.464 
34,5
Parceiro, sócio, familiares e agregados 494 
5,9
365
180.310 
7,4
-
Empregados Permanentes 4.499 
53,9
5.065 
46,9
300
290
1.349.700 
55,4
1.468.850 
52,8
Empregados Temporários 610 
7,3
2.414 
22,3
123
146
75.030 
3,1
352.444 
12,7
Sub-Total 8.345 
100,0
10.807 
100,0
-
 .
2.435.866 
100,0
2.779.758 
100,0
Total
18.080 
-
23.504 
-
-
 .
5.546.322 
-
6.363.365 
-
Fonte: IEA/CATI

            Novas estimativas sobre a indústria rural paulista serão obtidas em junho de 2006, possibilitando, assim, acompanhar a situação desse setor em 2005.2

____________________________
1 A pesquisa sobre a indústria rural paulista é definida como o beneficiamento ou a transformação, em bases artesanais, de matérias-primas vegetais ou animais, próprias ou adquiridas de outros produtores nas propriedades rurais para a venda externa. Nesse conceito de indústria rural, as grandes agroindústrias como as usinas de açúcar, destilarias de álcool, extratoras de suco de laranja, fábricas de laticínios e outras grandes instalações não estão incluídas.
2 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-47/2006.

Data de Publicação: 25/05/2006

Autor(es): Marina Brasil Rocha (mabrasil@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor