IqPR de Agosto de 2017: queda de 1,72%

O Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2, que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas, registrou queda (pelo quinto mês consecutivo) de 1,72% em agosto/2017, na comparação com julho/2017, e o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) recuou 3,69% e o IqPR-A (produtos de origem animal) subiu 2,67% (Tabela 1). Nesta mesma tabela são apresentadas as variações do final de julho/2017 e das quatro quadrissemanas de agosto/2017 para os índices calculados “com cana-de-açúcar” e “sem cana-de-açúcar”.

 

 

Quando a cana-de-açúcar (que em agosto apresentou queda de 3,93% no preço da tonelada no campo) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) tem leve alta de 0,08%, 1,80 ponto percentual maior que o IqPR com cana; o IqPR-V sem cana variou negativamente em 3,26%, ou seja, 0,43 ponto percentual superior ao IqPR-V com cana (Tabela 1). O preço da tonelada da cana-de-açúcar continua em queda, apesar do aumento da quantidade de açúcar total recuperável (ATR) por tonelada de cana verificado no mês em questão. O preço do açúcar no mercado internacional continua influenciando essa queda no preço da tonelada de cana no campo e, mesmo assim, a cana apresentou valor superior em 7,67% em relação ao mesmo período de 2016, sendo a única alta dentre os produtos que compõem o índice (Tabela 2).

 

 

Os produtos do IqPR que apresentaram altas nas cotações do mês de agosto/2017 em relação a julho/2017 foram pela ordem: carne suína (11,30%), batata (9,60%), carne bovina (6,37%), banana nanica (2,27%) e café (0,76%) (Tabela 2).

Para carne suína, o incremento nos embarques para exportação reduziu a disponibilidade no mercado interno e com o consumo estável a forte (baixas temperaturas incentivam o consumo) resultou na elevação das cotações. Os valores atuais estão 1,67% inferio-
res aos recebidos em agosto/2016; apesar de negativa, a retração é uma das menores entre os produtos analisados (terceira menor queda).

Para batata, o final da safra no sudoeste do estado permitiu a valorização das cotações do tubérculo e, assim, houve uma pequena recuperação dos preços, depois de dois meses de grandes quedas. Os bataticultores, apesar da alta no período, amargam redução de 58,72% nos preços recebidos pelo produto em relação agosto/2016, a segunda maior queda nos últimos 12 meses dentre os produtos do índice.

Já os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços no período foram:

tomate para mesa (-25,13%), feijão (-14,23%), algodão (-5,19%) e cana-de-açúcar (-3,93%) (Tabela 2).

No caso do tomate para mesa, que apresentou queda de 25,13% (Tabela 2), a maior do período, o clima favorável (altas temperaturas) nas regiões produtoras ajudou o desenvolvimento dos frutos com maturação mais rápida, resultando assim no aumento da oferta do produto maduro, e refletindo negativamente nos preços recebidos pelos produtores no período. Os valores atuais estão 18,21% inferiores aos recebidos em agosto/2016.

No mês de agosto, ocorreu o avanço da colheita da terceira safra de feijão, ofertando produto de boa qualidade oriundo de diversas regiões. O equilíbrio de oferta de feijão, produzidos na segunda e terceira safras para o segundo semestre, aliado a uma demanda fraca do consumo, que está menor do que em anos anteriores, compõe a situação de mercado do produto, refletida nesta queda de 14,23% dos preços entre julho e agosto. No mês, foi a segunda maior queda entre os produtos que compõem o índice. Os produtores buscam estratégias para evitar maior queda nos preços, mas o comportamento do consumo é que poderá ser responsável pela estabilidade ou não dos preços até a entrada da nova safra em final de novembro. Os preços do feijão, após os problemas enfrentados no ano de 2016, são responsáveis pela maior redução de preço recebido entre os produtos estudados, fechando em 64,60% nos últimos 12 meses.

Em resumo, dos 19 produtos analisados no mês de agosto, 5 produtos apresentaram alta de preços (3 de origem vegetal e 2 de animal), outros 13 apresentaram queda (11 vegetais e 2 de origem animal) e 1 não apresentou variação (origem animal - carne de frango).

 

- ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES

No período de setembro/2016 a agosto/2017, o IqPR apresentou a maior alta no mês de março/2016 e a maior queda em junho/2017, mesmo comportamento para o IqPR-V. O IqPR-A teve o maior aumento no mês de agosto/2017 (último período) e maior baixa no mês de janeiro/2017 (Figura 1).

O IqPR apresentou variações positivas nos meses de setembro/2016, novembro/2016 e fevereiro a março/2016, e variações negativas em outubro/2016, dezembro/2016 a janeiro/2017 e de abril/2017 a agosto/2017 (Figura 1).

No acumulado dos últimos 12 meses (agosto/2016 a agosto/2017), todos os índices apresentaram variação negativa: o IqPR (geral) ficou em –4,40%, o IqPR-V (vegetal) com
–1,91% e o IqPR-A (animal) com a mais acentuada, –11,43% (Tabela 1 e Figura 2).

 

 

Apesar de quase todos os produtos apresentarem queda no acumulado nos últimos 12 meses, o fato da cana-de-açúcar (que tem grande peso nos índices) ter se valorizado 7,67% impediu uma queda mais acentuada para o IqPR e IqPR-V. Já o IqPR-A, que não sofre influência da cana-de-açúcar (afinal é um vegetal), fechou com valor negativo expressivo no período. Pela figura 2, percebe-se que o IqPR e o IqPR-V têm tido o mesmo comportamento nos últimos 12 meses, alterando somente as magnitudes das variações acumuladas. Contudo, o mesmo não ocorre com IqPR-A.

 Reforçando a análise, apresenta-se a comparação dos preços de agosto/2017 em relação a agosto/2016. Ao relacionar os resultados das variações, pode-se observar uma grande discrepância (entre número de produtos com valores positivos e negativos, 1 e 18 produtos, respectivamente). Somente a cana-de-açúcar apresentou variação positiva de 7,67%; os demais produtos perderam valor em suas cotações. São eles, pela ordem: fei-
jão (-64,40%), batata (-58,72%), banana nanica (-51,19%), milho (-47,22%), amendoim
(-43,44%), laranja para indústria (-21,87%), carne de frango (-20,74%), soja (-20,00%), tomate para mesa (18,21%), trigo (-18,11%), arroz (-17,51%), laranja para mesa (-16,56%), carne bovina (-12,11%), leite cru refrigerado (-9,62%), café (-5,43%), carne suína (1,67%), algodão (1,11%) e ovos (0,53%) (Tabela 2).

As quedas observadas em quase todos os produtos no mês de agosto estão contribuindo para manter os índices inflacionários em um patamar baixo. O IPCA-IBGE (índice que mede a inflação para as famílias) de agosto de 2017 subiu 0,19% e o subitem “Alimentação no domicílio” recuou 1,84%3. 

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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/08/2017 a 31/08/2017 e base = 01/07/2017 a 31/07/2017.

 

2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: set. 2017.

 

3Resultados por subitem: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. IPCA fica em 0,19% em agosto. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em: <http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/16455-ipca-fica-em-0-19-em-agosto.html>. Acesso em: set. 2017.


Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.

Data de Publicação: 21/09/2017

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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