Estimativa de Oferta e Demanda de Milho no Estado de São Paulo em 2022


Em 2022, a produção paulista de milho foi estimada em 4,8 milhões de toneladas, 30,1% maior que a do ano anterior. Espera-se que a produtividade média atinja a ordem de 5,9 mil kg/ha, ou seja, cerca de 21,4% acima da observada em 2021, apesar do ligeiro aumento da área plantada (0,8%) (Tabela 1).



O êxito da produção paulista de milho se deve, sem dúvida, ao desempenho da 2ª safra, pois as semeaduras feitas até a primeira quinzena em janeiro e as chuvas moderadas na época do desenvolvimento da gramínea impactaram positivamente a cultura, permitindo alavancagem do suprimento para o sistema agroindustrial do milho. No levantamento da previsão e estimativas de safras agrícolas do estado de São Paulo, em abril1, a produção paulista do milho safrinha (estimada em 2,6 milhões de toneladas) já registrava aumento de 64,0% em relação a do ano anterior (Tabela1).

Com o resultado do desempenho de ambas as safras, acrescido do estoque de milho ainda existente (530.900 toneladas), estima-se que a quantidade de milho disponível para abastecer o mercado doméstico esteja na ordem de 5,3 milhões de toneladas2, representa aumento de 24,9% em relação ao ano passado (Tabela 2).

 

Com essa maior disponibilidade interna, estima-se que São Paulo fique menos dependente das aquisições provenientes de outros estados e que, portanto, as importações interestaduais recuem 21,2% (Tabela 2). Uma vez que os estoques iniciais estão mais baixos em 2022 do que no ano passado, cabe notar que o decréscimo das importações paulistas decorre principalmente por dois motivos: o bom desempenho da 2ª safra e à estabilidade da demanda por milho, que ora se situa em 8,42 milhões de toneladas.

A expectativa é de que a demanda paulista por milho, em 2022, mantenha-se praticamente estável, com relação a do ano anterior.

Quanto à demanda do segmento alimentar, destaca-se a avicultura de corte, que responde por 38,8% do total, seguida pela avicultura de postura e pela suinocultura, que absorvem 20,0% e 15,0%, respectivamente, da produção estadual (Tabela 2). O consumo por esse segmento da cadeia produtiva cresceu 1,4%. O consumo industrial refere-se à quantidade de milho consumida pela indústria de processamento (moagem úmida e moagem seca) para fins de alimentação humana de derivados de milho. Esse segmento absorve 21,7% da demanda total de milho e cresce 1,1% em relação a 2021 (Tabela 2).

Os valores apurados na tabela 2 para a oferta e o consumo/demanda de milho no estado de São Paulo estão bastante próximos e, portanto, lacuna entre as quantidades ofertada e demandada, em 2022, é baixa, sendo estimada em 617.600 toneladas. Assim, os preços recebidos pelo produtor nos mercados brasileiro e paulista estão satisfatórios, embora a conjuntura econômica, marcada por altas de taxas de câmbio e de juros, possa desestimular alguns elos da cadeia. Por exemplo, a avicultura e as indústrias de rações, cuja falta de capital de giro lhes dificulta o acesso ao abastecimento de milho para a realização das suas atividades e de novos investimentos, bem como os altos custos de produção agrícola que culminam no repasse aos demais elos da cadeia e na redução das margens de lucro do produtor agrícola.

A conjuntura econômica brasileira afeta positivamente o setor exportador, devido à taxa de câmbio mais favorável à exportação do que para a importação, uma vez que o real se encontra desvalorizado na comparação com o dólar. Assim, os produtores brasileiros que se encontram com margem de lucro reduzida devido ao alto custo de alguns insumos, como fertilizantes e diesel, podem se sentir mais motivados a exportar o cereal, gerando dificuldade de abastecimento no mercado intern,o o que impulsionará a alta dos preços domésticos.

Ainda, a Rússia, quinto maior exportador mundial de milho, está sofrendo sanções comerciais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)3, sobretudo de um de seus principais membros, os Estados Unidos, maior exportador mundial de milho. A Ucrânia destaca-se em quarto lugar no ranking e está com o seu comércio exterior obstruído devido aos efeitos da guerra. Assim, o conflito entre a Rússia e Ucrânia também corrobora com a possibilidade de aumento das exportações brasileiras, pois possibilita que o Brasil consiga novos parceiros no mercado internacional, abastecendo regiões antes supridas por esses países.

 

1CAMARGO, F. P. de et al. Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2021/22, Abril de 2022. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 17, n. 6, jun. 2022, p. 1-16.  Disponível em:http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-11-2022.pdf. Acesso em: 1 jul. 2022.

 

2COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Safra 2021/22 – 9º levantamento. Acompanhamento da safra brasileira de grãos, Brasília, v. 09, n. 09, p. 1-99, jun. 2022. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos/item/download/43131_7f1194348c787234206b8cc621acab42. Acesso em: jul. 2022.

3BBC NEWS BRASIL. Guerra na Ucrânia: por que o mundo precisa dos grãos vendidos pelo país? Londres, 22 julho 2022. Disponível em:https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62272076. Acesso em: jul. 2022. 

 

 

Palavras-chave: oferta e demanda de milho, São Paulo, 2022.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

MIURA, M. Estimativa de Oferta e Demanda de Milho no Estado de São Paulo em 2022. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 17, n. 8, p. 1-4, ago. 2022. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.



Data de Publicação: 01/08/2022

Autor(es): Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor