Emprego formal no setor agropecuário paulista: crescimento de 8,5% em 2004

            O número de postos de trabalho em todos os setores econômicos, no Estado de São Paulo, aumentou 6% em 2004, em relação a 2003, segundo os mais recentes dados1 da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)2 divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego para o ano de 2004 (tabela 1).

Tabela 1 – Postos de trabalho formais nos setores econômicos do Estado e São Paulo, 2003-2004

Setores
2003
2004
Variação(%)
Indústria
2.018.872
2.211.227
9,5
Construção Civil
279.521
285.094
2,0
Comércio
1.555.863
1.687.545
8,5
Serviços
4.578.246
4.746.724
3,7
Agropecuária
315.650
342.587
8,5
TOTAL
8.748.152
9.273.177
6,0

Fonte: Elaborado pelos autores com base em RAIS, 2004, Ministério do Trabalho e Emprego

            O setor de serviços contratou mais da metade do contingente de trabalhadores formais, mas empregou menos em termos relativos do que os demais setores da economia, suplantando apenas o setor da construção civil. A indústria apresentou, no mesmo período, a maior variação no número de contratações (9,5%), seguida dos setores agropecuário e de comércio, ambos com 8,5%. Dessa forma, o setor industrial teve o melhor desempenho na geração de novos empregos com carteira assinada.
            O total de estabelecimentos agropecuários declarantes da RAIS foi de 62.820, o que representou um aumento de 1,1%. A média de contratação foi de 5,5 empregados por estabelecimento contra os 5,1 do ano anterior.

Emprego formal na agropecuária

            Dos quase 27 mil novos empregos gerados no setor, o segmento 'atividades de serviços relacionados à agricultura'3 foi responsável por 7.888 destes postos. Esta atividade se refere aos estabelecimentos prestadores de serviços para plantio, colheita, aluguel de máquinas, etc. a outros estabelecimentos agropecuários.
            A expansão da área cultivada com a cana-de-açúcar (aumento de 3,11% em 20044), conseqüência do crescimento do mercado de biocombustíveis, também contribuiu para o aumento no número de trabalhadores do setor, assim como o aumento no número de pés de frutas cítricas, em cerca de 2,5 milhões (tabela 2).

Tabela 2 – Variação absoluta de postos de trabalho das atividades agropecuárias, Estado de São Paulo, 2003-2004

Atividades Agropecuárias
2003
2004
Variação Absoluta
Atividades de Serviços Relacionadas à Agricultura 
42.728
50.616
7.888
Cultivo de Cana-de-Açúcar 
61.417
67.931
6.514
Cultivo de Frutas Cítricas
53.015
58.690
5.675
Criação de Bovinos
37.254
40.171
2.917
Criação de Outros Produtos de Lavoura Temporária
7.913
9.328
1.415
Criação de Aves
18.002
19.392
1.390
Outras
95.321
96.459
1.138
TOTAL
315.650
342.587
26.937

Fonte: Elaborado pelos autores com base em RAIS, 2004, Ministério do Trabalho e Emprego

            O número de postos de trabalho foi o maior nos últimos dez anos e pode ter sido resultado, principalmente, da expansão dessas atividades.
            Ao total de trabalhadores nas atividades da cana-de-açúcar e frutas cítricas, deve se acrescentar uma grande proporção dos trabalhadores inscritos nas atividades de serviços relacionados à agricultura. Estas explorações necessitam, dadas as grandes extensões cultivadas, de expressivo contingente de mão-de-obra. Assim, pode se inferir que, apesar de não estar explicitado no cadastro, parte representativa dos quase 8.000 postos de trabalho das atividades de serviço está ligada aos trabalhos, principalmente da colheita, destas duas atividades agropecuárias. Portanto, o total de postos de trabalho, envolvidos na cana-de-açúcar e nas frutas cítricas, é maior do que o registrado em cada atividade.

Perfil dos trabalhadores

            A participação das mulheres em atividades agropecuárias ainda é reduzida, conforme indicadores que a RAIS fornece sobre o perfil dos trabalhadores. Porém, houve um aumento desta participação no período considerado, de 17,1% em 2003 para 18,2% em 2004 (figura 1).

Figura 1 – Participação percentual das mulheres em atividades agropecuárias, Estado de São Paulo, 2003-2004 

Fonte: Elaborado pelos autores com base em RAIS, 2004, Ministério do Trabalho e Emprego

            Quanto ao nível de instrução dos trabalhadores, o analfabetismo ainda se faz presente e com a mesma participação do ano anterior (2,9%). Em outros graus de escolaridade, no entanto, observa-se uma tendência de melhora nos níveis de instrução, com maior participação relativa de trabalhadores com ensino fundamental completo e o ensino médio (figura 2), muito provavelmente reflexo da exigência do mercado de trabalho por melhor qualificação da mão-de-obra empregada.

FIGURA 2 – Nível de instrução no setor agropecuário, Estado de São Paulo, 2003-2004 

Fonte: Elaborado pelos autores com base em RAIS, 2004, Ministério do Trabalho e Emprego

            A remuneração média e a faixa etária dos trabalhadores não sofreram alterações significativas neste período. A primeira manteve-se estável em 2,1 salários mínimos por trabalhador, enquanto na segunda a concentração maior de postos de trabalho situou-se na faixa de 30 a 39 anos (figura 3).

Figura 3 – Faixa etária do setor agropecuário, Estado de São Paulo, 2003-2004 

Fonte: Elaborado pelos autores com base em RAIS, 2004, Ministério do Trabalho e Emprego

            As informações da RAIS são fonte importante para auxiliar no acompanhamento sistemático do mercado de trabalho formal em geral. Apesar das maiores dificuldades de cobertura de levantamento e algumas restrições para o setor agropecuário, permite diagnosticar e monitorar a realidade. É que possibilita dimensionar, com riqueza de detalhes, o mercado de trabalho formal agropecuário e o perfil dos trabalhadores, que necessitam ser avaliados com maior profundidade para a maior compreensão e a melhor utilização das informações.___________________________________
1 'GERAÇÃO DE EMPREGO E FORTALECIMENTO DO MERCADO INTERNO' Disponível em http://www.mte.gov.br/noticias/Artigos/Conteudo/Artigo22.asp . Acessado em 21/12/2005.
2 A base de dados da RAIS está disponível em http://www.mte.gov.br por meio do software SGT-INTERNET. Cadastro prévio é necessário para utilização dos dados.
3 Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE95), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
4 Instituto de Economia Agrícola. Banco de Dados. Disponível em http://www.iea.sp.gov.br/out/banco/menu.php

Data de Publicação: 11/01/2006

Autor(es): Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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