Defensivos agrícolas: preços em queda

            A maioria dos preços dos defensivos agrícolas caiu em agosto de 2006, nas principais regiões produtoras do Estado de São Paulo, quando comparado com agosto de 2005, mostrando assim situação mais favorável para os agricultores. A queda foi observada para todas as classes analisadas: inseticidas, acaricidas, fungicidas e herbicidas (tabelas 1 a 4).1
            De um total de 110 produtos pesquisados2, 106 produtos (96,4%) apresentaram reduções nos preços correntes entre o mínimo de 0,9% e o máximo de 35,5%, enquanto apenas quatro produtos (3,6%) mostraram aumento nos preços. Porém, com os dados corrigidos3 a queda foi ainda maior, chegando a 37,2%. Somente dois produtos (um inseticida e um fungicida) apresentaram variação positiva. Observou-se, também, que a maioria dos produtos (62 ou 56,4%) teve queda no intervalo de 15,0% a 25,0%.
            Na análise individualizada por classe, os preços corrigidos dos herbicidas pesquisados (41 produtos) caíram entre 4,9% e 37,2%, em agosto de 2006 em relação ao mesmo mês do ano anterior, assim como os preços dos dez acaricidas analisados recuaram no intervalo de 6,1% a 35,0%. No caso dos inseticidas (34 produtos), a redução foi de 0,4% a 27,7% e dos fungicidas (23 produtos), de 1,8% a 30,1%.
            A retração da demanda, decorrente em parte do endividamento dos produtores, a queda do dólar e adoção de novas tecnologias, em especial da genética, são fatores que explicam esses decréscimos de preços. Segundo fontes do setor, nos sete primeiros meses de 2006, verificou-se diminuição de 34% no faturamento, quando comparado com o mesmo período do ano anterior, registrando menores vendas em todas as classes de defensivos.4
            As vendas de defensivos agrícolas no Brasil, em 2005, totalizaram US$ 4,244 bilhões contra US$ 4,495 bilhões no ano anterior, o que representou decréscimo de 5,6% no faturamento do setor, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG). Em termos de quantidade física, foram vendidas 485.969 toneladas de produto comercial e 232.232 toneladas de princípio ativo.
            Os defensivos agrícolas representam parcela significativa do custo de produção das principais culturas da agricultura paulista.São Paulo é um dos principais estados brasileiros consumidores de defensivos agrícolas. Em 2005, ocupou a primeira posição nas vendas em quantidade de produto comercial e a segunda em termos de valor, respondendo por 18,4% do faturamento total do setor, ou seja, US$ 781,5 milhões.
            No Estado, a classe de herbicidas é a que tem respondido pelo maior valor das vendas de defensivos agrícolas. Em 2005, foi responsável por 38,7% do faturamento total paulista, ou seja, US$ 302,6 milhões (figura 1).

Figura 1 – Participação percentual das classes no valor das vendas de defensivos agrícolas, Estado de São Paulo, 2005

Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do SINDAG

            Do total de 98.604 toneladas de defensivos agrícolas vendidas para a agricultura paulista em 2005, em quantidade de produto comercial, os herbicidas representaram 44,0% ou 43.423 toneladas (figura 2). As vendas de herbicidas estão voltadas, principalmente, para a cana-de-açúcar, a soja e o milho.

Figura 2 - Participação percentual das classes na quantidade vendida de defensivos agrícolas, em produto comercial, Estado de São Paulo, 2005

Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do SINDAG

            Em 2005, os inseticidas movimentaram US$ 245,1 milhões, ou seja, 31,4% do faturamento total do setor no Estado. Também responderam por 19,8% da quantidade total vendida em produto comercial, que se destinaram principalmente a soja, algodão, milho, cana-de-açúcar e café.
            A comercialização de fungicidas, em 2005, movimentou US$132,8 milhões em São Paulo, o que correspondia a 15.875 toneladas de produto comercial e 9.130 toneladas de ingrediente ativo. As principais culturas na agricultura paulista consumidoras de fungicidas são café, soja, batata-inglesa, trigo, feijão e tomate.
            Já os acaricidas, em 2005, foram responsáveis por 9,0% do faturamento total do setor no Estado. O consumo de acaricidas no Brasil está concentrado quase na sua totalidade em São Paulo. Em 2005, o mercado paulista representou 83,7% das vendas brasileiras em quantidade de produto comercial e 84,9% do faturamento dessa classe. Isto pode ser explicado pelo fato de a citricultura ser responsável por 88,7% do valor comercializado de acaricidas e São Paulo ser detentor de mais de 70,0% da área colhida com laranja no País (574,5 mil hectares na safra 2005)5.
            A variação da taxa cambial tem grande influência na formação dos preços dos defensivos agrícolas, tendo em vista a forte dependência do setor de importação de ingredientes ativos6. Em janeiro de 2005, a taxa cambial mensal começou com decréscimo de 3,4% em relação a dezembro de 2004. Nos dois meses seguintes, apresentou flutuações, sendo que em março atingiu o valor máximo do ano (R$ 2,705). A partir de abril, mostrou tendência decrescente até o fechamento do ano, situando em R$ 2,285 em dezembro do mesmo ano. No período em estudo, a taxa cambial decresceu 8,9%, de R$ 2,368 em agosto de 2005 para R$ 2,156 em agosto de 20065 (figura 3).

Figura 3 - Evolução da taxa cambial mensal (Real/Dólar), Brasil, Janeiro de 2002 a Agosto de 2006


Fonte: SUMA ECONÔMICA7 e SUMA ECONÔMICA 8

            Para acessar a série completa de preços de defensivos agrícolas no Estado de São Paulo, no período de Janeiro de 2000 a Agosto de 2006, clique aqui ou entre no endereço abaixo:
http://ciagri.iea.sp.gov.br/defensivos.aspx.

Clique aqui para ver as tabelas 1 a 4.

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1 Os levantamentos de preços foram realizados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), nas principais regiões produtoras do Estado de São Paulo, em agosto de 2005 e de 2006, via correio, fax, e-mail e contato telefônico. Os preços pesquisados foram os praticados no balcão no mês em que foi efetuado o levantamento. O universo escolhido para realizar o estudo foi o conjunto de todas as firmas (revendedores e cooperativas), que comercializam defensivos, nos 18 municípios selecionados: Assis, Barretos, Bebedouro, Campinas, Cândido Mota, Guariba, Holambra, Itapetininga, Ituverava, Jaú, Mogi das Cruzes, Orlândia, Pindamonhangaba, Piracicaba, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São Paulo e Sertãozinho.
2 No Brasil, em 2005, estavam registradas 673 marcas comerciais, sendo que os produtos genéricos representavam 55,6% desse mercado, ou seja, 374 marcas, enquanto as especialidades, 44,4% (299 marcas), de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola - SINDAG (Defesa Agrícola, ano 2, n.5, Agosto 2006. Disponível em: <http://www.sindag.com.br/>. Acesso em: 02 out.2006).
3 Os preços dos defensivos agrícolas de agosto de 2005 foram corrigidos pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para valores de agosto de 2006.
4AHLRIMM, Peter. Visão do Setor de Defensivos Agrícolas para a Safra 2006/2007. XVIII Seminário ABMR&A: Safra 2006-2007 – tendências, dificuldades e alternativas, São Paulo, SP, 12 de setembro de 2006.
5 FERREIRA, C. R. R. P. T.& VEGRO, C.L.R. Defensivos agrícolas: mantêm-se cenário de declínio nas vendas em 2006. Disponível em: <http://www.iea.com.br/>. Acesso em: 04 out.2006.
6 FERREIRA, C. R. R. P. T. et. al. Preços de defensivos agrícolas no Estado de São Paulo: levantamento e análise. Informações Econômicas, São Paulo, v.32, n.5, p. 23-33. maio 2002.
7 SUMA ECONÔMICA. Banco de dados. Disponível em: http://www.suma.com.br/BancoDeDados/selgrupo.asp#. Acesso em: 02 out.2006.
8 SUMA ECONÔMICA. Rio de Janeiro: COP Editora Ltda., mar. 2006.
9 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-105/2006.

Data de Publicação: 19/10/2006

Autor(es): Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Maria de Lourdes Barros Camargo (mlcamargo@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Benedito Barbosa de Freitas (bfreitas@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Talita Tavares Ferreira (taferreira@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor