Atividade Pecuária no Polo Regional Alta Sorocabana

 

Os Polos Regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) são centros multidisciplinares de pesquisa e desenvolvimento (P&D), com abrangência regional, e focados na resolução de problemas das cadeias locais de produção dos agronegócios. Estão localizados em pontos estratégicos no interior do Estado de São Paulo e interagem, em sua atuação científica e tecnológica, com os institutos de pesquisa da APTA e as demais unidades da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA-SP).

Esses centros de P&D são vinculados ao Departamento de Descentralização do Desenvolvimento (APTA Regional) que, dentre suas atribuições, promove a interação entre a programação local e a capacidade instalada nos institutos de pesquisa da APTA nas ações regionais para o desenvolvimento dos agronegócios.

O Polo Regional Alta Sorocabana tem a abrangência territorial de 32 municípios1 (Figura 1) e é sediado em Presidente Prudente, onde conta com uma fazenda de 100 hectares para realização de atividades de pesquisa agrícola, e Laboratório de Pesquisas em Sanidade Animal e Economia Agrícola. Possui a mesma abrangência dos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR) de Presidente Prudente e Presidente Venceslau.

O valor da produção agropecuária (VPA)2 do Polo Regional Alta Sorocabana somou R$4,52 bilhões em 2017, o que representa 5,9% do VPA paulista que foi de R$76,18 bilhões; o VPA do polo subiu 0,65% em relação ao 2016, sendo inferior ao aumento registrado pelo VPA do estado que foi de 0,96% em relação a 2016. Os principais produtos do polo em valor da produção agropecuária são, por ordem de grandeza: cana-de-açúcar, carne bovina, leite, ovos e soja, que representam 89,5% do VPA regional.

O VPA da produção animal em 2017 atingiu R$1,83 bilhão, o que representa 40,5% do VPA do Polo Regional Alta Sorocabana, apesar de totalizar apenas 7 produtos de origem animal, frente aos 36 produtos de origem vegetal (Tabela 1). O VPA animal do polo representa 9,94% do VPA animal do estado, o que é superior à sua participação em relação VPA geral (5,94%), apresentando recuo (-5,34%) entre 2016 e 2017, enquanto o VPA animal paulista registrou recuo (-4,28%) no mesmo período. No polo, a maior alta foi verificada para o casulo (+122,25%) e a maior queda para o mel (-19,79%), e o VPA da carne bovina apresentou recuo (-7,77%); em âmbito estadual, o casulo apresentou o maior aumento com +73,79% e carne bovina a maior queda com -9,26%.

 


A carne bovina se constitui em produto da principal atividade animal do Polo Alta Sorocabana com VPA de R$1.415,86 milhão (31,3% do VPA total do polo e 77,3% do VPA animal do polo), valor que representa 16,0% do VPA da carne bovina do estado. O leite somou R$219,25 milhões (4,8% do VPA total do polo e 12,0% do VPA animal do polo). Os ovos somaram R$190,71 milhões (4,2% do VPA total do polo e 10,4% do VPA animal do polo). Já os demais produtos somaram R$5,71 milhões (0,13% do VPA total do polo e 0,31% do VPA animal do polo) (Tabela 1).

Pelos números apresentados, percebe-se a importância dos produtos de origem animal no Polo Alta Sorocabana (40,5%) superior em relação ao estado (24,2%).

Para o ano de 2017, segundo levantamento do IEA3 para produção animal, as estimativas para o Polo Regional Alta Sorocabana indicaram 1,66 milhão de bovinos no total, em que os bovinos de corte apresentaram 1,07 milhão de cabeças, os bovinos mistos 415 mil cabeças, e os bovinos de leite 167 mil cabeças. Foram abatidas 595 mil cabeças de bovinos, que produziram 10,12 milhões de arrobas (15 kg) de carne, produzidos 168,65 milhões de litros de leite e 70,05 milhões de dúzias de ovos.

O Censo Agropecuário (Levantamento por Unidades de Produção Agropecuária - LUPA) realizado entre 2007 e 2008 pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), ambos da SAA/SP4, mostrou que o polo possuía 20.950 unidades de produção agropecuária (UPA), em um total de 1,682 milhão de hectares e média de 80,3 hectares por UPA, 27 pontos percentuais acima da média estadual (63,2 hectares).

De acordo com o levantamento, no Polo Regional Alta Sorocabana, a principal atividade animal era a bovinocultura, no qual os animais para produção de carne somavam 1,05 milhão de cabeças em 4.954 UPAs (23,7% das UPAs totais); os bovinos mistos (produção de leite e carne, dupla-aptidão) somavam 474 mil animais em 10.108 UPAs (48,3% das UPAs totais) e os bovinos leiteiros somavam 107 mil animais em 3.353 UPAs (16,0% das UPAs totais). Assim, os rebanhos bovinos somavam 1,637 milhão de cabeças em 17.166 UPAs (81,9% das UPAs do polo) (Tabela 2), demonstrando a importância da pecuária bovina no polo naquele período. Essa população representou 14,6% das 11,2 milhões de cabeças de bovinos do estado.

 

 


A distribuição geográfica para os bovinos de corte, misto e leite para UPAs do Polo Regional Alta Sorocabana, segundo dados do LUPA 2007-2008, é apresentada na figura 2.

 

Os equinos estavam presentes em 11.916 UPAs (56,9%) com 41 mil animais, os suínos estavam em 2.641 UPAs (12,6%) com 32,7 mil cabeças, as aves poedeiras estavam em 525 UPAs (2,5%) com 2,18 milhões de cabeças, as aves para corte em 1.352 UPAs (6,5%) com 615 mil cabeças, os ovinos estavam em 1.245 UPAs (5,9%) com 43 mil cabeças e os asininos e muares em 923 UPAs (4,4%) com 2.536 animais. As demais criações animais foram encontradas em 7,9% das UPAs (Tabela 3).


As áreas de pastagens ocupavam 1,68 milhão de hectares (69,3% da área das UPAs do polo). Em 19.880 UPAs foram encontrados algum tipo de pastagem (94,9% das UPAs do polo) (Tabela 4). As principais forrageiras utilizadas nas pastagens eram das variedades de braquiária (Brachiaria sp) que ocupavam 1,12 milhão de hectares (66,8% da área total das UPAs) em 18.837 UPAs (89,9%), seguido pelas variedades de colonião (Panicum sp), com 8,3 mil hectares (0,56% das áreas das UPAs) em 118 UPAs (5,1%), e as demais culturas forrageiras ocupavam 33,9 mil hectares em 2.403 UPAS (Tabela 5).

 

 

A taxa de lotação de bovinos, nos municípios abrangidos pelo polo, era de 1,40 animal/hectare, um pouco acima da média do estado (1,26 animal/hectare), descrita por Pinatti (2007)5. Utilizando os mesmos parâmetros, estima-se que a lotação para a unidade animal (UA) (450 kg peso vivo) foi de 1,04 UA/ha, considerada de nível baixo. A taxa de lotação está diretamente relacionada à qualidade das pastagens e às tecnologias utilizadas no sistema de produção.

A inseminação artificial, um indicador do uso de tecnologia, era utilizada por apenas 205 UPAs (1,2% das UPAs que possuíam bovinos), isto indica a baixa tecnologia utilizada pela grande maioria dos produtores. A mineralização e a vermifugação eram utilizadas por 16.863 e 16.960 UPAs respectivamente (98,2% e 98,8% das UPAs que possuíam bovinos), estes são bons indicadores, apesar de não representarem níveis tecnológicos elevados, mesmo assim, mostram a preocupação e a conscientização com a alimentação e a sanidade do rebanho. O pastejo intensivo era utilizado em 28,1% das propriedades, o confinamento em 1,0% e o semi-confinamento não foi identificado em nenhuma UPA (Tabela 6).


Pelos dados e informações expostas, pode-se verificar a grande importância da produção animal no Polo Regional Alta Sorocabana, notadamente da bovinocultura de corte, fazendo jus à fama que região possuiu e contribuindo para um melhor entendimento da realidade da região.

Por fim, destaca-se a presença de rebanhos considerados mistos (duplo propósito), ou seja, cujos produtos gerados se destinam aos mercados de leite e carne, que estavam presentes em cerca de 48% das UPAs, segundo o levantamento realizado em 2007-2008. Tal aspecto sugere questões ligadas às características dos produtores e desses rebanhos quanto aos sistemas de produção e padrão racial, assim como sua eventual especialização (ou falta desta) em carne ou leite, ou mesmo a utilização de genética mais apropriada à dupla aptidão.

 

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1Os municípios que compõem o Polo Regional Alta Sorocabana são os seguintes: Alfredo Marcondes, Álvares Machado, Anhumas, Caiabu, Caiuá, Emilianópolis, Estrela do Norte, Euclides da Cunha, Iepê, Indiana, João Ramalho, Marabá Paulista, Martinópolis, Mirante do Paranapanema, Nantes, Narandiba, Piquerobi, Pirapozinho, Presidente Bernardes, Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Rancharia, Regente Feijó, Ribeirão dos Índios, Rosana, Sandovalina, Santo Anastácio, Santo Expedito, Taciba, Tarabai e Teodoro Sampaio.

 

2SILVA, J. R. et al. Valor da produção agropecuária do estado de São Paulo: resultado final, 2017. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 13, n. 5, p. 1-7, maio 2018. Disponível em: <http://www.
iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14465>. Acesso em: 19 out. 2018.

 

3INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA, 2018. Disponível em: <http://
www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html>. Acesso em: 20 out. 2018.

 

4SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Instituto de Economia Agrícola. Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo: LUPA 2007/2008. São Paulo: SAA/CATI/IEA, 2008. Disponível em: <http://www.cati.sp.
gov.br/projetolupa>. Acesso em: 28 dez. 2018.

 

5PINATTI, E. Produtividade da bovinocultura de corte paulista em 2005. Informações Econômicas, São Paulo, v. 37, n. 6, p. 17-25, jun. 2007. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=
8998>. Acesso em: 28 dez. 2018.
 

 

Palavras-chave: pecuária regional, Polo Regional, Alta Sorocabana, tipificação de imóveis rurais, 

Data de Publicação: 02/01/2019

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Ricardo Firetti (rfiretti@aptaregional.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor